Nasa divulga imagem de 'cometa do século' e alerta para desintegração
As agências espaciais europeia (ESA, na sigla em inglês) e americana (Nasa) divulgaram na segunda-feira uma imagem registrada em 9 de outubro pelo telescópio espacial Hubble mostrando o cometa Ison - apelidado, devido ao seu brilho, de "cometa do século".
Na imagem, o núcleo sólido do cometa é muito pequeno, mas íntegro. Se tivesse se partido - uma possibilidade considerada pelos astrônomos, uma vez que o Sol esquenta lentamente o cometa durante sua aproximação e poderia até destruí-lo -, o telescópio teria provavelmente identificado evidência de múltiplos fragmentos.
O cometa Ison (chamado de C/2012 S1 por cientistas) atingirá seu brilho máximo para quem o olha da Terra no final de novembro, quando o objeto celestial passa pelo Sol. Quanto mais brilhante fica, mais visível é para o observador humano - e maiores ficam as chances de se poder ver o cometa a olho nu antes de ele desaparecer dos céus do nosso planeta, por volta de dezembro, quando será registrada sua aproximação mais próxima.
Dependendo do destino do cometa ao passar perto do Sol, o cometa Ison poderia se tornar um espetáculo nos céus ou, pelo contrário, uma decepção. De acordo com a Agência Espacial Europeia, o corpo celeste poderia se desintegrar completamente. Qualquer que seja seu destino, o cometa será observado com muito intersse por missões da Nasa, da ESA e de outros observatórios, dedicados a estudar esse visitante gelado pelos próximos meses.
Descoberto em setembro de 2012 por dois astrônomos russos, o Ison foi chamado de "cometa do século" após algumas previsões que indicavam que ele poderia aparecer tão grande como a Lua Cheia para quem vê da superfície da Terra. Contudo, isso depende de sua passagem pelo Sol.
Descoberta
O Ison foi descoberto pelos astrônomos russos Vitali Nevski e Artyom Novichonok em setembro de 2012. O nome dado foi o da instituição na qual os dois trabalham, a International Scientific Optical Network.
No dia 28 de novembro, ele deve chegar a uma distância não muito maior do que um milhão de quilômetros da superfície da estrela.
Se o cometa sobreviver a esta passagem, deve se afastar do Sol ainda mais brilhante do que antes e poderá iluminar os céus da Terra em janeiro de 2014.
No entanto, cometas são imprevisíveis, e o Ison poderá se desintegrar durante a passagem nas proximidades do Sol.
Desalinhamento gigante em sistema multiplanetário
A formação de "Júpiteres quentes" é um enigma de longa data no estudo de exoplanetas, gigantes gasosos que orbitam muito perto da sua estrela hospedeira.
Para explicar os seus períodos orbitais curtos, a teoria sugere que os Júpiteres quentes se formam em longas órbitas e depois migram através do disco protoplanetário, o anel plano de poeira e detritos que circunda uma estrela recém-formada e coalesce para formar os planetas.
Esta teoria foi questionada quando se descobriu que os planos orbitais dos Júpiteres quentes estão frequentemente desalinhados com o equador das suas estrelas-mãe. Os cientistas interpretaram isto como evidência de que os Júpiteres quentes são o resultado de encontros caóticos com outros planetas.
Um teste decisivo entre as duas teorias são sistemas com mais do que um planeta: se os desalinhamentos são realmente provocados por perturbações dinâmicas que levam à criação de Júpiteres quentes, então os sistemas multi-planeta sem Júpiteres quentes devem estar preferencialmente alinhados. O que um novo estudo revela é bastante diferente.
Usando dados do Telescópio Espacial Kepler da NASA, uma equipe internacional de cientistas liderada por Daniel Huber, pós-doutorado no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia, estudou Kepler-56, uma estrela gigante vermelha quatro vezes maior que o Sol localizada a uma distância de cerca de 3000 anos-luz da Terra. Ao analisar as variações no brilho em diferentes pontos da superfície de Kepler-56, Huber e colaboradores descobriram que o eixo de rotação da estrela está inclinado aproximadamente 45 graus em relação à nossa linha de visão.
"Isto foi uma surpresa porque já sabíamos da existência de dois planetas que transitavam Kepler-56. Isto sugere que a estrela hospedeira deve estar desalinhada com as órbitas de ambos os planetas," explica Huber. "O que descobrimos é literalmente um desalinhamento gigante num sistema exoplanetário."
Suspeita-se que o culpado do desalinhamento seja um terceiro companheiro massivo numa órbita com um longo período, revelado por observações obtidas com o Telescópio Keck em Mauna Kea, Hawaii.
"Os cálculos de computador mostram que o companheiro exterior pode ter inclinado os planos orbitais dos planetas em trânsito, deixando-os coplanares, mas desalinhando-os periodicamente com o equador da estrela," afirma Daniel Fabrycky, co-autor e professor de astronomia da Universidade de Chicago.
Quase 20 anos após a descoberta do primeiro Júpiter quente, o grande desalinhamento no sistema Kepler-56 marca um importante passo no sentido de uma explicação unificada para a formação de Júpiteres quentes.
"Sabemos agora que os desalinhamentos não se limitam apenas aos sistemas com Júpiteres quentes," afirma Huber. "Outras observações vão revelar se o mecanismo de inclinação em Kepler-56 pode também ser responsável por distorções observadas nos sistemas com Júpiteres quentes."
Os resultados foram publicados na edição de 18 de Outubro da revista Science
Astrônomos: asteroide de 432 metros pode atingir a Terra em 2032
Astrônomos da Ucrânia descobriram um asteroide de 432 metros que pode atingir a Terra em 2032. A chance de impacto, segundo a Nasa, é a mais alta dos objetos descobertos nos últimos 60 dias, mas ainda é considerada mínima. As informações são da agência Ria Novosti.
A pedra foi vista pela primeira vez pelo Observatório Astrofísico da Crimeia, no sul da Ucrânia, e, até a última quinta-feira, foi confirmado por pelo menos mais cinco grupos da Itália, Espanha, Reino Unido e Rússia.
O objeto foi classificado como "potencialmente perigoso" e, segundo estimativas, há uma chance em 63 mil de colidir com a Terra em 26 de agosto de 2032. Ele está no nível 1 da Escala de Turim.
Astrônomos terão uma chance de avaliar melhor os riscos de impacto somente em 2028, afirmam o observatório ucraniano.
A caminho dos mil exoplanetas
Um marco silencioso da astronomia moderna pode ser ultrapassado em breve. O site "Extrasolar Planets Encyclopedia" contém atualmente um total de 998 planetas extrasolares em 759 sistemas planetários. E, apesar de várias fontes diferirem ligeiramente, muito em breve devemos estar vivendo numa era onde são conhecidos mais de mil exoplanetas.
A história da descoberta exoplanetária é paralela à era moderna da astronomia. É estranho pensar que uma geração já cresceu ao longo das últimas duas décadas num mundo onde o conhecimento de planetas extrasolares é um dado adquirido. Na década de 1970, os astrônomos colocavam as probabilidades de detectar planetas para lá do nosso Sistema Solar, durante o nosso tempo de vida, em torno dos 50%.
Claro, antes da primeira e verdadeira descoberta houveram muitos falsos positivos. 70 Ophiuchi foi o local de muitas alegações, começando com a de W. S. Jacob do Observatório Madras por volta de 1855. O grande movimento próprio exibido pela Estrela de Barnard a seis anos-luz de distância também foi altamente escrutinado ao longo do século XX por afirmações de uma companheira invisível que provocava a sua oscilação. Ironicamente, a Estrela de Barnard ainda não conseguiu entrar no panteão de estrelas que ostentam mundos planetários.
Mas a primeira afirmação verificada de um sistema exoplanetário surgiu de uma fonte bizarra e inesperada: um pulsar conhecido como PSR B1257+12, que se descobriu conter dois mundos em 1992. Seguiu-se a primeira descoberta de um mundo em órbita de uma estrela de sequência principal, 51 Pegasi em 1994.
A maioria dos métodos e técnicas usadas para descobrir exoplanetas depende ou da velocidade radial ou da queda de brilho de uma estrela quando um planeta transita. Ambos têm a sua utilidade e desvantagens. A velocidade radial procura mudanças no espectro estelar à medida que um companheiro invisível o reboca em torno de um centro de massa comum. Embora eficaz, só consegue colocar um limite inferior na massa do planeta e é aplicável a mundos em pequenas órbitas. Esta é uma das razões porque os "Júpiteres quentes" dominaram o início do catálogo exoplanetário: não os procuramos há assim tanto tempo.
O outro método, tornado famoso por estudos como o do Telescópio Espacial Kepler, é o método de detecção por trânsito. Isto permite uma estimativa muito mais refinada da massa e órbita de um planeta, assumindo em primeiro lugar que transita o disco da sua estrela-mãe a partir do ponto de vista da Terra, o que a maioria não faz.
A detecção direta via ocultação da estrela hospedeira está também a surgir. Um dos primeiros exoplanetas observados diretamente foi Fomalhaut b, que pôde ser visto a mudar de posição na sua órbita entre 2004 e 2006.
As microlentes gravitacionais também já deram frutos planetários, com estudos como o MOA (Microlensing Observations in Astrophysics) e o OGLE (Optical Gravitational Lensing Experiment) capturando breves eventos à medida que um corpo invisível passa em frente de uma estrela de fundo. Os distantes planetas ou planetas nômades (livres de estrelas hospedeiras) só podem ser detectados através desta técnica.
Existem técnicas mais exóticas, como irradiação relativista. Outros métodos incluem a procura por variações minúsculas à medida que um planeta iluminado orbita a sua estrela-mãe, deformidades provocadas por variações elipsoidais à medida que planetas gigantes orbitam uma estrela, e detecções infravermelhas de discos circum estelares. Ficamos sempre espantados com a riqueza de dados que conseguem ser extraídos a partir de alguns tênues fótons de luz.
Conhece-se atualmente uma incrível variedade de mundos, muitos dos quais desafiam a imaginação dos escritores de ficção científica. Quer um mundo feito de diamantes, ou um onde chove vidro? Existe um "exoplaneta para isso".
As notícias de descobertas exoplanetárias passaram de incríveis a rotineiras, com mundos tipo-Tatooine (da saga "Guerra das Estrelas") em órbita de estrelas duplas e sistemas com mundos em ressonâncias bizarras anunciadas com maior frequência.
As pesquisas exoplanetárias têm também capacidade para determinar aquele fator "fp" na famosa equação de Drake, que nos pergunta: "qual é a fração de estrelas com planetas". Há muito que se suspeita que as estrelas com planetas são a regra e não a exceção, e nós estamos apenas começando a ter dados concretos para apoiar essa afirmação.
Missões como o Kepler da NASA ou o CoRoT da CNES/ESA incharam as fileiras de mundos extrasolares. O Kepler terminou recentemente a sua carreira olhando na direção das constelações de Cisne, Hércules e Lira, e ainda tem mais de 3200 detecções que aguardam confirmação.
Mas será que um dado mundo é tipo-Terra, ou apenas do tamanho da Terra? Este é o Santo Graal da detecção moderna de exoplanetas: um mundo com o tamanho da Terra que orbita na zona habitável de uma estrela. Há que exercer cautela de cada vez que o "último gémeo da Terra" avança para as manchetes. A ciência exoplanetária definitivamente amadureceu, permitindo-nos, finalmente, começar a caracterização de sistemas solares e dando-nos algumas dicas sobre a formação do nosso próprio Sistema Solar.
Mas talvez o legado mais duradouro seja o que a descoberta exoplanetária nos diz sobre nós mesmos. Quão comum (ou rara) é a Terra? Quão típica é a história do nosso Sistema Solar? Se os primeiros "1000" são qualquer indicação, nós suspeitamos fortemente que os planetas terrestres vêm em suficientes variedades distintas ou "sabores" capazes fazer inveja a qualquer fabricante de gelados.
E o futuro da ciência exoplanetária parece, de fato, promissor. Uma missão proposta, conhecida como FINESSE (Fast INfrared Exoplanet Spectroscopy Survey Explorer), teria como alvo as atmosferas de planetas extrasolares, caso vá em frente com o lançamento previsto para 2017. Outra proposta, conhecida como WFIRST (Wide Field Infrared Survey Telescope), procuraria eventos de microlentes a partir de 2023. Uma missão que os cientistas gostariam de ter ao dispor, e que parece ser sempre arquivada, é a conhecida "Terrestrial Planet Finder".
Mas a missão de caça por planetas extrasolares que está mais próxima de lançamento é a TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite). Ao contrário do Kepler, que observa uma única zona do céu, o TESS fará um levantamento de todo o céu observando meio milhão de estrelas.
Também estamos agora nos aproximando de uma época em que a espectroscopia pode permitir-nos detectar exoluas e a química que ocorre nestes mundos distantes. Um exemplo de uma excitante descoberta seria a detecção de um químico como a clorofila, que se sabe que na Terra apenas existe como resultado da vida. Mas o que seria esta descoberta tentadora, senão um pontinho num gráfico, quando o que nós, humanos, queríamos realmente ver era a vista destas longínquas distantes e alienígenas florestas!
Esta é a emocionante era em que vivemos. Parabéns, Humanidade, na detecção de 1000 exoplanetas... que descubram muitos mais!
A maior estrela conhecida está se despedaçando
Uma equipe internacional de astrônomos observou parte dos estertores finais da maior estrela conhecida no Universo, à medida que joga fora as suas camadas exteriores.
A descoberta, por uma colaboração de cientistas do Reino Unido, Chile, Alemanha e EUA, é um passo vital na compreensão de como as estrelas massivas devolvem material enriquecido para o meio interestelar - o espaço entre as estrelas -, necessário para formar sistemas planetários.
Os pesquisadores publicaram os seus resultados na revista mensal da Universidade de Oxford da Sociedade Astronômica Real.
Estrelas com massa dezenas de vezes maior que a do Sol tem vidas muito curtas e dramáticas em comparação com as suas irmãs menos massivas. Algumas das estrelas mais massivas têm vidas de apenas alguns milhões de anos antes de esgotarem o seu combustível nuclear e explodirem como supernovas. No final das suas vidas estas estrelas tornam-se altamente instáveis e expelem uma quantidade considerável de material dos seus invólucros exteriores. Este material foi enriquecido pelas reações nucleares nas profundezas da estrela e inclui muitos dos elementos necessários para formar planetas rochosos como a nossa Terra, como por exemplo o silício e magnésio, que são também a base para a vida. Como este material é ejetado e como isto afeta a evolução da estrela, no entanto, ainda é um mistério.
Usando o VST (Very Large Telescope Survey Telescope) do Observatório Paranal do ESO no Chile, uma equipe internacional de astrônomos tem analisado a nossa Via Láctea usando um filtro especial para detectar nebulosas de hidrogênio ionizado. O estudo VPHAS (VST Photometric H-Alpha Survey) tem procurado na nossa Galáxia material expelido por estrelas evoluídas e quando a equipe observou o super-aglomerado estelar Westerlund 1, fizeram uma descoberta notável.
Westerlund 1 é o aglomerado mais massivo de estrelas na nossa Galáxia, o lar de várias centenas de milhares de estrelas, e é o análogo mais próximo de alguns dos verdadeiramente grandes aglomerados estelares vistos em galáxias distantes. O aglomerado está a cerca de 16.000 anos-luz da Terra na direção da constelação sul de Ara ou Altar, mas a nossa vista do enxame é prejudicada por gás e poeira que faz com que pareça comparativamente tênue no visível.
Quando os astrônomos estudaram as imagens de Westerlund 1, avistaram algo verdadeiramente único. Em torno de uma das estrelas, conhecida como W26, viram uma enorme nuvem de hidrogênio gasoso e brilhante, vista em verde na imagem. Estas nuvens brilhantes são ionizadas, o que significa que os elétrons foram arrancados dos átomos de hidrogênio gasoso.
Nuvens deste tipo são raramente encontradas em torno de estrelas massivas e são ainda mais raras em torno de estrelas supergigantes vermelhas como W26 - esta é a primeira nebulosa ionizada já descoberta em torno de uma estrela deste gênero. A própria W26 seria demasiado fria para fazer o gás brilhar; os astrônomos especulam que a fonte da radiação ionizante pode ser ou as estrelas azuis e quentes do aglomerado, ou possivelmente uma companheira de W26 mais tênue mas muito mais quente. O fato de a nebulosa ser ionizada torna-a muito mais fácil de estudar no futuro do que se não fosse ionizada.
Ao investigar a estrela W26 em mais detalhe, os cientistas perceberam que a estrela é provavelmente a maior estrela já descoberta, com um raio 1500 vezes maior que o do Sol e é também uma das supergigantes vermelhas mais luminosas conhecidas. Acredita-se que estas gigantescas e luminosas estrelas sejam altamente evoluídas, o que sugere que W26 está chegando ao final da sua vida e, eventualmente, explodirá como uma supernova.
A nebulosa observada em torno de W26 é muito semelhante com a nebulosa em redor de SN 1987A, o resto de uma estrela que explodiu como supernova em 1987. SN1987A foi a supernova observada mais próxima da Terra desde 1604 e, como tal, deu aos astrônomos a oportunidade de melhor estudar as propriedades dessas explosões. O estudo de objetos como esta nebulosa em torno de W26 vai ajudar os astrônomos a compreender os processos de perda de massa em torno destas estrelas massivas, que acabam por levar à sua morte explosiva.
Telescópio estuda mistério de jatos emitidos por buracos negros gigantes
Duas equipes internacionais de astrônomos usaram o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma) para estudar os jatos emitidos por enormes buracos negros situados no centro das galáxias e observar como é que eles afetam o seu meio.
As equipes obtiveram a melhor imagem até hoje do gás molecular em torno de um buraco negro calmo próximo, divulgada nesta quarta-feira pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). Inesperadamente, os astrônomos também viram de relance a base de um jato poderoso próximo de um buraco negro distante.
Existem buracos negros de massa extremamente elevada - que vão até vários bilhões de vezes a massa solar - no coração de quase todas as galáxias do Universo, incluindo a nossa própria galáxia, a Via Láctea. Em um passado distante, esses objetos estranhos encontravam-se muito ativos, engolindo enormes quantidades de matéria do seu meio circundante, brilhando intensamente e expelindo pequenas frações dessa matéria sob a forma de jatos extremamente poderosos. No Universo atual, a maioria dos buracos negros de elevada massa encontra-se muito menos ativos do que na sua juventude, mas a interação entre os jatos e o meio circundante ainda afeta a evolução das galáxias.
Dois novos estudos, ambos publicados hoje na revista especializada Astronomy & Astrophysics, fizeram uso do Alma para investigar jatos de buracos negros a escalas muito diferentes. Um dos estudos investigou um buraco negro próximo e relativamente calmo situado na galáxia NGC 1433, enquanto o outro observou um objeto muito distante e ativo chamado PKS 1830-211.
“O Alma revelou uma estrutura em espiral surpreendente no gás molecular próximo do centro da NGC 1433”, diz Françoise Combes (Observatoire de Paris, França), autora principal do primeiro artigo científico. “Isso explica como é que o material flui para o interior, alimentando o buraco negro. Com as novas observações muito nítidas do Alma descobrimos um jato de matéria sendo emitido pelo buraco negro e que se estende ao longo de apenas 150 anos-luz. Esta é a menor corrente molecular fluindo para o exterior já observada numa outra galáxia.”
A descoberta desta corrente de matéria, que está sendo arrastada com o jato emitido pelo buraco negro central, mostra como é que tais jatos podem fazer parar a formação estelar e regular o crescimento dos bojos centrais das galáxias.
Estudo: Saturno e Júpiter podem ter chuva de diamantes
Diamantes - tão grandes que poderiam ser usados por estrelas de Hollywood - podem estar caindo do céu em Saturno e em Júpiter. Essa é a conclusão de dois cientistas americanos, que apresentaram sua pesquisa no encontro anual da divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Americana de Astronomia, que aconteceu em Denver, nos Estados Unidos.
Novos dados indicam que o carbono em sua forma cristalizada é abundante na atmosfera desses planetas, segundo Kevin Baines, da Universidade de Winsconsin-Madison e do Laboratório de Propulsão da Nasa. A coautora da pesquisa é Mona Delitsky, do instituto California Speciality Engineering.
A tese de Baines e Mona afirma que poderosos raios transformam o metano em partículas de carbono. À medida que vai caindo, esse carbono entra em choque com a pressão atmosférica desses planetas, e se transformam primeiro em pedaços de grafite e, em seguida, em diamantes. Dependendo das condições, esses "granizos" de diamante podem inclusive derreter.
Anel de diamante
Os maiores diamantes provavelmente seriam de um centímetro de diâmetro, de acordo com Baines. "Seria um diamante grande o suficiente pra colocar em um anel", disse, acrescentando que seria algo que a atriz Elizabeth Taylor ficaria "orgulhosa em usar".
"O importante é que mil toneladas de diamantes são produzidos por ano em Saturno. E as pessoas me perguntam: 'como você pode ter certeza se não tem como ir para lá?' Bem, tudo é uma questão química. E acreditamos que estamos bastante certos".
Os cientistas analisaram as últimas temperaturas e pré-condições de pressão no interior dos planetas, além de novos dados sobre como o carbono se comporta em diferentes condições.
A descoberta dos cientistas americanos ainda precisa ser avaliada por outros acadêmicos, mas especialistas consultados pela BBC disseram que a possibilidade de uma chuva de diamantes "não pode ser desconsiderada".
"Parece válida a ideia de que há uma profunda variação dentro das atmosferas de Júpiter e ainda mais de Saturno, nas quais o carbono poderia se estabilizar como diamante", disse o professor Raymond Jeanloz, um dos responsáveis pela descoberta de que havia diamantes em Urânio e Netuno.
Primeira evidência de um cometa ter atingido a Terra
A primeira evidência de um cometa ter entrado na atmosfera da Terra e ter explodido, criando uma onda de choque e fogo que obliterou todas as formas de vida no seu caminho, foi descoberta por uma equipe de cientistas sul-africanos e colaboradores internacionais, e foi apresentada numa palestra na quinta-feira passada, dia 10/10.
A descoberta não só forneceu a primeira prova definitiva de um cometa que atingiu a Terra, há milhões de anos atrás, mas também pode ajudar a desvendar, no futuro, os segredos da formação do nosso Sistema Solar.
"Os cometas sempre visitaram os nossos céus - são bolas de neve sujas, uma mistura entre gelo e poeira - mas nunca antes na história tinha material de um cometa sido encontrado na Terra," afirma o professor David Block, da Universidade de Wits.
O cometa entrou na atmosfera da Terra por cima do Egito há 28 milhões de anos atrás. À medida que irrompia pela atmosfera, explodiu, aqueceu a areia por baixo até uma temperatura de aproximadamente 2000 graus Celsius, o que resultou na formação de uma grande quantidade de vidro de sílica amarelado que se encontra dispersado sobre uma área de 6000 km^2 no Saara. Um magnífico exemplar do vidro, polido por antigos joalheiros, encontra-se num colar de Tutankhamon, representando um impressionante escaravelho egípcio.
A pesquisa, que será publicada na revista Earth and Planetary Science Letters, foi realizada por uma colaboração de geocientistas, físicos e astrônomos, incluindo Block, Jan Kramers, autor principal do artigo da Universidade de Joanesburgo, o Dr. Marco Andreoli da Corporação Sul-Africana de Energia Nuclear e Chris Harris da Universidade de Cidade do Cabo.
No centro da atenção desta equipe estava uma misteriosa pedra preta encontrada anos antes por um geólogo egípcio na área do vidro de sílica. Após a realização de análises químicas altamente sofisticadas, os autores chegaram à conclusão inevitável de que o seixo representava o primeiro espécime conhecido de um núcleo de cometa, ao invés de simplesmente um tipo raro de meteorito.
Kramers descreve este como um momento de euforia da sua carreira. "É uma típica euforia científica quando eliminamos todas as outras opções e chegamos à conclusão do que deve ser," afirma.
O impacto da explosão também produziu diamantes microscópicos. "Os diamantes são produzidos a partir de material com carbono. Normalmente formam-se nas profundezas da Terra, onde a pressão é alta, mas também podemos gerar pressão muito alta com o choque. Parte do cometa colidiu com o chão e o choque do impacto produziu os diamantes," acrescenta Kramers.
A equipe chamou ao seixo que contém diamantes "Hipátia" em honra à primeira matemática, astrônoma e filósofa, Hipátia de Alexandria.
O material cometário é muito elusivo. Não tinha sido encontrados antes fragmentos de cometa na Terra, à exceção de partículas de poeira de tamanho microscópico na atmosfera superior e alguma poeira rica em carbono no gelo antártico. As agências espaciais gastaram bilhões para garantir estas minúsculas quantidades de matéria cometária pristina.
"A NASA e a ESA gastaram bilhões de dólares recolhendo poucos microgramas de material cometário e a trazê-lo para a Terra, e agora temos uma nova abordagem radical de estudar este material, sem gastar bilhões para recolhê-lo," afirma Kramers.
O estudo de Hipátia tem crescido até um programa colaborativo de pesquisa internacional, coordenado por Andreoli, que envolve um número crescente de cientistas provenientes de várias disciplinas. O Dr. Mario di Martino do Observatório Astrofísico de Turim levou a cabo várias expedições à área de vidro no deserto.
"Os cometas contêm os segredos que desbloqueiam a formação do nosso Sistema Solar e esta descoberta nos dá uma oportunidade sem precedentes para estudar o material cometário em primeira mão," afirma Block.
Água encontrada em asteroide indica existência de exoplanetas habitáveis
Astrônomos anunciaram a descoberta da primeira evidência de água em um corpo celeste rochoso vindo de fora do Sistema Solar.
Através dos destroços de um asteroide que orbitava uma estrela exaurida – ou anã branca –, os cientistas determinaram que a estrela GD 61 e seu sistema planetário, localizado a aproximadamente 150 anos-luz do nosso planeta e em seus últimos momentos de vida, têm o potencial de abrigar exoplanetas semelhantes à Terra.
Essa é a primeira vez que tanto água quanto uma superfície rochosa – dois aspectos considerados fundamentais para a existência de planetas habitáveis e, portanto, vida – foram encontrados juntos além do nosso sistema solar.
A Terra é essencialmente um planeta "seco", com apenas 0.02% de sua massa contendo água de superfície, o que significa que oceanos surgiram depois que o planeta tinha se formado: provavelmente quando asteroides cheios de água vindos do Sistema Solar colidiram contra o nosso planeta. Pesquisadores das universidades de Cambridge e Warwick que publicaram o estudo na revista Science acreditam que o mesmo "sistema de entrega" de água possa ter ocorrido no distante sistema solar dessa estrela.
Evidências obtidas com base em análises do telescópio espacial Hubble e do observatório astronômico Keck, no Havaí, sugerem que esse sistema continha um tipo similar de asteroide rico em água – o mesmo que teria trazido o elemento pela primeira vez à Terra. O corpo celeste analisado é composto por 26% de água em sua massa, quantidade bastante parecida à de Ceres, outrora considerado o maior asteroide do Sistema Solar e hoje um planeta anão. Ambos têm muita mais água em sua composição do que a Terra.
"A descoberta de água em um grande asteroide significa que a 'pedra fundamental' de planetas habitáveis existiu – e talvez ainda exista – no sistema da GD 61, e provavelmente também ao redor de um número significativo de estrelas similares", afirmou Jay Farihi, do Instituto de Astronomia de Cambridge, um dos autores da pesquisa.
Os astrônomos descrevem a descoberta como "um olhar para o nosso futuro" já que, daqui a seis bilhões de anos, talvez, astrônomos de outros planetas estudando os destroços ao redor do Sol – então extinto, sem hidrogênio – poderão chegar à mesma conclusão: que os planetas terrestres uma vez orbitaram a nossa estrela-mãe.
Astrônomos descobrem planeta solitário sem estrela
Astrônomos anunciaram na quarta-feira a descoberta de um planeta solitário fora do sistema solar, flutuando sozinho no espaço e sem girar na órbita de uma estrela. Chamado PSO J318.5-22, o planeta está apenas a 80 anos-luz da Terra e tem seis vezes a massa de Júpiter. Formado há 12 milhões de anos, ele é considerado novo entre os seus pares.
"Nunca tínhamos visto um objeto a flutuar livremente no espaço com esse aspecto. Tem todas as características dos jovens planetas descobertos ao redor de outras estrelas, mas vagueia completamente só", disse o chefe da equipe de pesquisadores, Michael Liu, do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawai, em Manoa. "Questionei-me muitas vezes se esses objetos solitários existiriam e agora sabemos que sim", acrescentou.
Os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado no Astrophysical Journal Letters, acreditam que o novo planeta tenha uma massa mais leve que a dos demais corpos que flutuam livremente.
Durante a última década, os cientistas descobriram cerca de mil planetas extrassolares, mas apenas meia dúzia foi observada diretamente, já que muitos giram em torno de jovens estrelas, a menos de 200 milhões de anos e emitem muita luz.
Cientistas descobrem que sistema binário de Fomalhaut é na realidade triplo
Astrônomos descobriram que o sistema estelar vizinho Fomalhaut - de especial interesse devido ao seu incomum exoplaneta e seu disco de detritos - não é apenas um sistema binário, como os astrônomos pensavam, mas um dos mais largos sistemas triplos conhecidos.
Num artigo recentemente aceito para publicação na revista Astronomical Journal e publicado a semana passada no servidor arXiv, os investigadores mostram que uma estrela mais pequena e previamente conhecida na sua vizinhança também faz parte do sistema de Fomalhaut.
Eric Mamajek, professor associado de física e astronomia na Universidade de Rochester, e colaboradores, descobriram a natureza tripla do sistema estelar através de um pouco de trabalho de detetive. "Eu notei esta terceira estrela há alguns de anos atrás, quando estudava os movimentos de estrelas na vizinhança de Fomalhaut para outra pesquisa," afirma Mamajek. "No entanto, precisava de recolher mais dados e formar uma equipe de co-autores com diferentes observações para testar se as propriedades da estrela eram consistentes com um terceiro membro no sistema Fomalhaut."
O acaso também desempenhou um papel importante. Um encontro casual no Chile entre Mamajek e Todd Henry, da Universidade Estatal da Geórgia e diretor da equipe do RECONS (Research Consortium On Nearby Stars), revelou uma pista que ajudou a resolver o mistério: a distância à estrela. Henry lembra-se de estar sentado na cozinha de um hotel em La Serena, Chile, com Mamajek, discutindo estrelas próximas. "Eric estava fazendo de detetive com esta terceira estrela e por coincidência tinha comigo uma lista de observação que continha a paralaxe ainda não publicada," afirma Henry. A paralaxe é um tipo de medição que os astrônomos usam para determinar distâncias. "Uma estudante na altura, Jennifer Bartlett da Universidade de Virginia, trabalhava connosco numa amostra de estrelas potencialmente vizinhas para a sua tese de doutoramento, e LP 876-10 estava na amostra. Eric e eu começamos a falar, e aqui estamos nós com esta interessante descoberta."
Ao analisar cuidadosamente a astrométrica (movimentos precisos) e medições espectroscópicas (que permitem a determinação da temperatura e da velocidade radial), os cientistas foram capazes de medir a distância e velocidade da terceira estrela. Concluíram que a estrela, até então conhecida como LP 876-10, faz parte do sistema Fomalhaut, o que a torna em Fomalhaut C.
"Fomalhaut C parece estar muito longe da estrela maior e mais brilhante que é Fomalhaut A quando olhamos para o céu a partir da Terra," acrescenta Mamajek. Estão separadas por aproximadamente 5,5º, o equivalente a 11 Luas Cheias para um observador na Terra. Mamajek explicou que parecem tão afastadas, em parte, porque Fomalhaut está relativamente perto da Terra no que toca ao conjunto de todas as estrelas - a aproximadamente 25 anos-luz. Se estas estrelas estivessem mais longe da Terra, apareceriam muito mais próximas uma da outra no céu. O fato de aparecerem tão distantes pode explicar a falha em estabelecer relação entre LP 876-10 e Fomalhaut. Os outros pontos-chave foram a capacidade de obter dados astrométricos e de velocidade com alta qualidade.
Os pesquisadores também tiveram que mostrar que seria viável estas duas estrelas estarem ligadas, em vez de se moverem independentemente. "Fomalhaut A é uma estrela muito massiva, com cerca de duas vezes a massa do nosso Sol, que pode exercer força gravitacional suficiente para manter vinculada esta pequena estrela - apesar de estar mais de 158.000 vezes mais longe de Fomalhaut do que a Terra está do Sol," esclarece Mamajek.
Mamajek trabalhou com uma grande equipe de colaboradores para reunir a história desta estrela pequena e interessante. "Henry e a equipa RECONS fizeram um levantamento exaustivo da 'Vizinhança Solar', caracterizando os sistemas estelares mais próximos do nosso e descobrindo novas estrelas vizinhas," afirma Mamajek. "A sua equipe já tinha recolhidos vários anos de observações sobre esta estrela em particular - usando o telescópio SMARTS de 0,9 metros em Cerro Tololo no Chile". Os cientistas também precisavam de saber a velocidade radial da estrela, que Andreas Seifhart da Universidade de Chicago mediu, e que ele aponta no artigo como rondando 1 km/s em relação a Fomalhaut A.
Existem outros 11 sistemas estelares mais próximos do Sol do que Fomalhaut, que consistem de três ou mais estrelas, incluindo o sistema estelar mais próximo, Alpha Centauri. As novas medições no artigo também mostram que o sistema de Fomalhaut é o mais massivo e largo destes sistemas múltiplos vizinhos.
Fomalhaut A é também a 18.ª estrela mais brilhante visível no nosso céu e uma das poucas com um exoplaneta e um disco de detritos observado e fotografado diretamente. A famosa estrela tem sido destaque em romances de ficção científica por escritores como Isaac Asimov, Stanislaw Lem, Philip K. Dick e Frank Herbert. Apesar de ser um sistema bem estudado, só recentemente é que se confirmou que Fomalhaut era uma estrela dupla - duas estrelas que se orbitam uma à outra - embora isto tenha sido sugerido pela primeira vez na década de 1890.
Um dos colegas de Mamajek em Rochester, Alice C. Quillen, professora de física e astronomia, trabalhou durante anos para compreender a forma como os planetas moldam os discos de poeira como o que rodeia Fomalhaut. Em 2006, ela previu a existência de um planeta em torno de Fomalhaut, bem como a forma da sua órbita, ao tentar compreender o porquê do anel de detritos estar fora do centro e porque tinha uma orla surpreendentemente acentuada. No ano seguinte, foi fotografado um novo planeta em torno de Fomalhaut.
Muitas questões sobre o exoplaneta de Fomalhaut A e sobre o disco de detritos ainda permanecem sem resposta. Por exemplo, os astrônomos estão intrigados com o fato do exoplaneta conhecido como Fomalhaut "b" estar numa órbita tão excêntrica e o porquê do disco de detritos não parecer estar centrado na estrela Fomalhaut A. É possível que as longínquas companheiras B e C de Fomalhaut perturbem gravitacionalmente o exoplaneta "b" e a cintura de poeira em órbita de Fomalhaut A. No entanto, as órbitas das estrelas companheiras de Fomalhaut não estão bem definidas. As órbitas de Fomalhaut B e C, em torno de Fomalhaut A, estão previstas levar milhões de anos, por isso fixar valores para as suas órbitas será um desafio para astrônomos do futuro.
Enquanto Fomalhaut C é uma estrela anã vermelha - o tipo mais comum no Universo -, Fomalhaut B é uma anã laranja com cerca de três-quartos a massa do nosso Sol. A partir do ponto de vista de um planeta hipotético em órbita de Fomalhaut C, Fomalhaut A apareceria como uma estrela branca e radiante, nove vezes mais brilhante que Sirius (a estrela mais brilhante no nosso céu noturno) aparece a partir da Terra, semelhante ao brilho típico do planeta Vénus. Fomalhaut B pareceria uma estrela alaranjada banal mas brilhante, idêntica em brilho com a Estrela Polar. A idade do trio ronda os 440 milhões de anos - cerca de um-décimo da idade do nosso Sistema Solar.
Outros colaboradores que trabalharam neste estudo incluem: Jennifer Bartlett, agora no Observatório Naval dos EUA, que publicou a distância preliminar à estrela na sua tese de doutoramento, e Matt Kenworthy, do Observatório de Leiden, que mediu o período de rotação mostrando que Fomalhaut C gira muito rapidamente.
Há 54 anos, sonda fazia primeiras imagens do "lado negro" da Lua
No dia 7 de outubro de 1959, a sonda soviética Luna 3 fez as primeiras imagens do "lado negro" da Lua. Em 40 minutos, a sonda fez 29 imagens que cobrem 70% da face "escura". Como nosso satélite natural mostra sempre a mesma face para a superfície da Terra, não tínhamos antes registros do outro lado.
A primeira imagem foi tirada quando a Luna 3 estava a 63,5 mil quilômetros da superfície do satélite natural. Na última, ela estava a 66,7 mil. Ao todo, 17 imagens foram escaneadas com sucesso e enviadas para Terra em 18 de outubro, quando a sonda Luna 3 alcançou uma posição favorável para a transmissão das imagens.
O "lado escuro" foi considerado pelos cientistas bem diferente do outro, principalmente pela falta de "regiões escuras". Elas foram chamadas de Mare Moscovrae (hoje rebatizado Mare Moscoviense, "Mar de Moscou") e Mare Desiderii ("Mar dos Sonhos"). Mais tarde, descobriu-se que esta região na verdade era dividida em duas. A segunda foi chamada de Mare Ingenii ("Mar da ingenuidade"). O nome Mare Desiderii não é mais reconhecido pela União Astronômica Internacional.
O programa lunar da extinta União Soviética - que completou 20 missões entre 1959 e 1970 - perdeu contato com a Luna 3 em 22 de outubro de 1959, quatro dias depois do envio das imagens do lado oculto da Lua. O destino da sonda é desconhecido até hoje: ela pode ter queimado na atmosfera da Terra em meados de 1960 ou pode ter sobrevivido em órbita até o final de 1962.
Supervulcões podem ter criado condição para vida em Marte
Explosões gigantescas de vulcões em Marte há 3,5 bilhões de anos podem ter criado as condições para o desenvolvimento de vida no planeta, segundo pesquisadores.
Em um estudo publicado na última edição da revista científica Nature, os cientistas Joseph Michalski, do Museu de História Natural de Londres, e Jacob Bleacher, do Instituto de Ciência Planetária de Tucson, no Arizona, afirmam que as erupções teriam expelido bilhões de bilhões de toneladas de rochas e cinzas.
Os gases expelidos teriam influenciado na geração de uma atmosfera espessa no planeta e alterado o clima local. Também teria expelido quantidades consideráveis de água e de elementos essenciais para a vida.
Bombas atômicas
Supervulcão é um termo informal para descrever uma enorme erupção que expele mais de mil quilômetros cúbicos de rochas e cinzas. Cada uma dessas erupções teria a força de mais de um milhão de bombas atômicas.
A Terra também teve seus supervulcões no passado. O Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, estaria situado sobre um desses antigos supervulcões.
Segundo os cientistas, suas descobertas poderão ser testadas pelo robô Curiosity, que está explorando o planeta vermelho e se dirige agora para uma grande montanha no meio de uma cratera no equador de Marte.
Marte pode ter abrigado vulcões gigantes, anunciam cientistas
Investigação publicada nesta quarta-feira na revista britânica Nature aponta que Marte pode ter abrigado vulcões gigantes no princípio de sua formação, o que vai ajudar a entender a evolução climática do planeta vermelho.
O estudo, dirigido por Joseph Michalski, do Instituto de Ciência Planetária de Tucson, nos Estados Unidos, indica que crateras de formato irregular localizadas na Arábia Terra, uma região elevada de Marte, são uma província vulcânica não reconhecida até agora.
Michalski e outros pesquisadores do instituto estudaram a topografia do planeta a partir de dados obticos com a ferramenta laser conhecida como Mars Orbiter Laser Altimeter (Mola), posta em órbita a bordo da nave Mars Global Surveyer, e também com informação coletada pela nave espacial Mars Express.
Segundo a interpretação dos cientistas, estas crateras corresponderiam a vulcões similares aos supervulcões que se produziram na Terra, como é o caso do Yellowstone National Park, no oeste dos EUA.
Yellowstone ocupa uma área de 8,9 mil quilômetros quadrados formada por lagos, cânions, rios e montanhas, e constitui a área de maior altitude da América do Norte e a maior caldeira de supervulcão.
Michalski disse que o descobrimento foi há dois anos e desde então trabalha para avaliar melhor a geologia da zona de Arábia Terra. Segundo o cientista, estes vulcões gigantes "provavelmente se formaram no primeiro bilhão de anos da história de Marte, que tem 4,5 bilhões de anos, como a Terra".
As características das crateras da Arábia Terra indicam que provavelmente se formaram devido a uma erupção de enormes proporções, como no caso dos supervulcões terrestres, afirmam os especialistas. Além disso, os materiais vulcânicos achados na região poderiam ter origem nessas gigantescas erupções, que teriam modificado o clima marciano, ressalta o estudo.
A atividade vulcânica já era sugerida como fonte de alguns depósitos detectados em Marte, mas até agora não havia uma fonte vulcânica identificável.
Michalski explicou que os cientistas já sabiam da formação de vulcões em Marte, mas este estudo se refere a outro tipo de atividade vulcânica. "São vulcões muito explosivos, que estão entre os mais antigos de Marte", indicou.
Os cientistas consideram que estes novos estudos podem ajudar a entender a atividade vulcânica em Marte e seu clima.
Nasa completa 55 anos com planos de levar humanos a Marte até 2030
A Nasa começa nesta terça-feira seu 56º ano de operações e, além de celebrar as conquistas do passado, tratou de expôr alguns de seus planos para o futuro.
A agência espacial americana pretende expandir o acesso comercial à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) - possibilidade recente, que teve início com a permissão de espaçonaves privadas levarem ferramentas e mantimentos para a casa dos astronautas no espaço - e desenvolver um novo foguete para enviar seres humanos mais longe do que jamais foram - projeto que terá início com uma missão para capturar um asteroide e rebocá-lo até a Lua na próxima década.
"Estamos explorando além da Terra, para a Terra, revelando mistérios do nosso Sistema Solar e perscrutando o início do Universo, tudo enquanto desenvolvemos tecnologias para permitir à Nasa manter as missões atuais e as futuras, e melhorar a vida aqui mesmo, na Terra", afirmou a agência em um comunicado divulgado em seu site.
A Nasa aproveitou para relembrar os feitos de exploração espacial atingidos até hoje - um legado de descobertas que abre portas para o futuro, na visão da agência americana. Doze humanos foram enviados para caminhar e trabalhar na Lua, oito veículos tentaram explorar Marte - onde acaba de ser encontrada água - e uma sonda ultrapassou a barreira do Sistema Solar, atingindo o espaço interestelar. A Terra foi extensivamente estudada, assim como cada outro planeta no Sistema Solar e o próprio Sol, no centro de tudo.
A construção da Estação Espacial Internacional também foi aclamada pela Nasa: maior do que uma casa com cinco quartos, onde humanos vivem e trabalham fora do planeta desde novembro de 2000. Os mais de 30 anos de missões espaciais ainda foram lembrados, assim como o lançamento de telescópios como o Hubble - cujo criador morreu há 60 anos. O desenvolvimento de tecnologias que hoje tornam mais segura e sustentável a aviação. "Há coisas demais para listar todas... e ainda não terminamos", escreveu a agência espacial americana.
O plano de enviar humanos a Marte até a década de 2030 recebeu destaque como um dos principais projetos vindouros, e talvez o que a agência aprendeu - e ensinou - desde décadas atrás, quando chegou à Lua, possa ser futuramente aplicado na construção de uma colônia no planeta vermelho.