As constelações
Várias culturas da antiguidade traçavam linhas imaginárias
entre as estrelas mais brilhantes do céu para formar figuras de pessoas,
animais, objetos e seres fictícios.
Cada cultura tinha seu próprio conjunto de figuras, que eram
envolvidas em histórias criadas para ajudar a memorizá-las. Com estas figuras,
que chamamos de constelações, foi possível dividir o céu em porções menores que
puderam ser usadas como referência para orientação temporal e espacial.
Conforme a Terra avança em sua órbita elíptica de um ano em
torno do Sol, ocorre um deslocamento do nosso campo de visão do céu de cerca de
1 grau por dia (daí a origem do círculo geométrico de 360°), o que nos faz
perceber aqui da Terra um deslocamento diário das constelações, de oeste para
leste, em um ciclo de 1 ano. Portanto, é possível usar as constelações para identificar
a época do ano, observando a posição das constelações no céu. No hemisfério
sul, por exemplo, a constelação do Escorpião fica visível durante toda a noite
no Inverno, enquanto que no Verão é a constelação de Órion que predomina na
noite.
Como a direção do eixo de rotação da Terra é fixo durante
todo o ano, os prolongamentos deste eixo a partir do norte e do sul do planeta
atingem sempre as mesmas estrelas, que chamamos de estrelas polares. Por isso,
enquanto a Terra gira em torno do seu eixo, vemos um movimento aparente das
estrelas girando em torno das estrelas polares durante um dia, enquanto esta
permanece imóvel. Algumas constelações podem ser usadas como referência para
encontrarmos as estrelas polares, como a constelação da Ursa Maior, no
hemisfério norte, para encontrar a estrela polar do norte (Polaris) e a
constelação do Cruzeiro do Sul, no hemisfério sul, para encontrar a estrela
polar do sul (Sigma Octantis). Como as estrelas polares ficam nos
prolongamentos do eixo de rotação da Terra, podemos identificar as direções do
norte e do sul do nosso planeta através destas estrelas. O eixo de rotação da
Terra não é exatamente fixo, mas realiza um movimento que descreve um cone
(como um peão), chamado de movimento de precessão, que completa um ciclo a cada
25800 anos. Portanto, as estrelas polares variam entre os milênios.
Devido a curvatura da Terra, há um deslocamento na direção
norte-sul do campo de visão do céu para cada latitude do nosso planeta. Logo
acima da linha do Linha do Equador, em direção ao norte, não é mais possível
ver a estrela polar do sul, pois esta se encontrará abaixo da linha do
horizonte para estas latitudes. Acima do paralelo 26º54'' do hemisfério norte,
a constelação do Cruzeiro do Sul não pode ser mais vista completamente, pois a
estrela do "pé" da constelação (A Alpha Crucis) já não pode ser mais
vista a partir desta latitude.
A faixa de constelações por onde o Sol faz seu caminho
aparente durante o ano é chamada de Zodíaco. O alinhamento do Sol com uma
constelação do Zodíaco em cada mês do ano é usado há milhares de anos para
determinar os signos astrológicos, de acordo com a data de nascimento das
pessoas. Desde quando os povos antigos marcaram estes alinhamentos, o eixo de
rotação da Terra se moveu, devido ao movimento de precessão, causando um
deslocamento das datas em que o Sol alinha-se com estas constelações, fato que
não é considerado pelos astrólogos atuais. No mês de Setembro, por exemplo, o
Sol passa atualmente pela constelação de Leão, mas a astrologia ainda determina
o signo de Virgem para quem nasce neste mês.
As estrelas que compõe as constelações possuem distâncias
diferentes da Terra, portanto muitas estrelas que parecem agrupadas da
perspectiva do nosso planeta podem ser vistas muito distantes de outros locais
da nossa galáxia, deformando as constelações que vemos da Terra. Mesmo da
perspectiva da Terra, as constelações mudarão de forma daqui alguns milhões de
anos, conforme as estrelas que as compõem se movem e evoluem. A estrela
Betelgeuse, por exemplo, pode passar por uma explosão supernova nos próximos
mil anos, fazendo com que a constelação de Órion perca seu ombro esquerdo.
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