quarta-feira, 13 de março de 2013


Nasa: amostra de rocha aponta que Marte pode ter abrigado vida


A agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês) informou nesta terça-feira que a análise de uma amostra de rocha recolhida pelo robô Curiosity em Marte revelou que o planeta vermelho pode ter abrigada vida.


Os cientistas identificaram enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono, alguns dos ingredientes químicos essenciais para a vida.

"Uma questão fundamental para esta missão era a de se Marte poderia ter contado com um ambiente habitável", disse Michael Meyer, cientista chefe do Programa de Exploração de Marte na sede da agência em Washington. "Pelo que sabemos agora, a resposta é sim", afirmou.

Segundo a Nasa, as chaves para este entorno habitável provêm dos dados devolvidos pela análise de amostras do jipe robô explorador e os instrumentos de Química e Mineralogia (CheMin) com os quais conta.

Os dados indicam que na área da baía de Yellowknife, onde o Curiosity esteve explorando, houve um antigo rio ou um pequeno lago que poderia ter abrigado os componentes químicos necessários para criar condições favoráveis para a vida de micróbios.

A perfuração onde o robô obteve a amostra foi realizada a poucas centenas de metros de distância de onde o Curiosity encontrou um antigo leito no ano passado.

O Curiosity, que aterrissou na superfície de Marte na madrugada de 6 de agosto de 2012, completará uma missão de dois anos em solo marciano.

Para astronautas, maior desafio não é ir ao espaço, mas voltar


Poucos seres humanos têm a possibilidade de deixar a Terra. A viagem ao espaço, seja para uma volta na Lua ou vivência na Estação Espacial Internacional, é o ápice da carreira dos astronautas. Alguns dedicam a vida inteira a esse objetivo. Mas muitos dos que realizam esse sonho descobrem que o retorno à Terra pode ser tão difícil quanto a partida.


Em entrevista coletiva em 2009, no Rio de Janeiro, Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, revelou: "Não demorou para eu descobrir que o desafio para mim não era ser um operador indo à Lua. Era voltar e ser uma pessoa aqui na Terra". Quarenta anos antes, no dia 20 de julho de 1969, Aldrin desceu as escadas do módulo lunar e declarou: "Linda, linda. Desolação magnífica". A frase inspirou o título de sua última autobiografia, "Desolação magnífica: a longa jornada da Lua para casa", de 2009. Nela, Buzz descreve o grande vazio enfrentado após o retorno à Terra e questiona: "O que um homem pode fazer como segundo ato depois de andar na Lua?".

Além de todo o esforço para chegar aonde nenhum homem havia ousado e da pressão política inerente ao tamanho da tarefa que se divisava, o astronauta teve de enfrentar um drama familiar no período que antecedeu a chegada à Lua: sua mãe, Marion Moon, atormentada por uma depressão e pela iminência da fama do filho, cometeu suicídio um ano antes do pouso histórico da Eagle. Depois de conquistar a Lua e ver seu casamento de 21 anos fracassar, Aldrin também cedeu à depressão - e à bebida. Na palestra realizada na Campus Party Brasil 2013, em São Paulo, no dia 29 de janeiro, desabafou: "Eu não tinha previsto o tamanho da notoriedade que a missão me traria. Foi nessa época que comecei a beber, e os sintomas da depressão começaram a aparecer. Foi um período obscuro da minha vida. Quase uma década de improdutividade".

De acordo com o astronauta, ir à Lua não é tão desafiador quanto voltar à Terra e ter de lidar com o restante da humanidade. Quem parecia concordar era o seu colega de viagem, Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua, que morreu aos 82 anos, em agosto de 2012. Logo após a saga da Apollo 11, o astronauta retirou-se da Nasa e passou a viver recluso, aparecendo somente em solenidades do governo sobre a exploração espacial.

Por mais que tentasse se manter longe dos holofotes, Armstrong era bastante assediado por aqueles que não acreditavam que o homem tivesse pisado na Lua. Em 1994, parou de dar autógrafos e tirar fotos ao descobrir que eles eram vendidos em sites de leilão por até US$ 50 mil. Nesse mesmo ano, processou uma empresa de cartões de crédito dos EUA por usar sua histórica frase "Um pequeno passo..." em cartões e decorações de Natal. Em 2005, processou seu barbeiro de mais de 20 anos por vender mechas de seu cabelo por US$ 3 mil.

Os integrantes da Apollo 11 não foram os únicos a enfrentar um retorno à Terra transformador. James Irwin, oitavo homem a pisar na Lua, na Apollo 15, que morreu em 1991, afirmou sentir a presença de Deus mais forte do que nunca durante a viagem espacial. Ao retornar ao nosso planeta, tornou-se um fanático religioso. Deixou a Nasa, em 1972, e fundou a missão cristã High Flight, com a qual afirmava: "Jesus andando sobre a Terra é mais importante do que o homem andando na Lua". No ano seguinte, comandou diversas expedições ao Monte Ararat, na Turquia, na esperança de encontrar os restos da Arca de Noé. As buscas se mostraram infrutíferas e, na última expedição, Irwin se feriu gravemente, retornando aos EUA.

Outro astronauta que teve uma experiência intensa em seu regresso foi Edgar Mitchell, tripulante da Apollo 14 e sexto homem a pisar na Lua. Ele descreve assim a sua "expansão de consciência": "Na volta para casa, olhei pela janela, e é uma experiência poderosa ver a Terra surgindo sobre a Lua. E subitamente percebi que as moléculas do meu corpo e as moléculas da espaçonave foram concebidas por uma geração antiga de estrelas. Em vez de ser uma experiência intelectual, foi um sentimento pessoal. Aquelas eram minhas moléculas. Isso foi acompanhado por uma sensação de alegria e êxtase que me levaram a perguntar: 'O que é isso?'. Depois de voltar, pesquisei e descobri que aquela experiência, em sânscrito antigo, se chamava 'Samadhi'. É uma experiência transformadora". A narrativa foi retirada de uma entrevista para o site do Instituto de Ciências Noéticas, fundado pelo astronauta em 1973, para estudar a consciência e a intuição.

Essa expansão da consciência e mudança de prisma levaram o cientista e entrar em conflito com a Nasa. Mais de uma vez, ele deu entrevistas afirmando que óvnis avistados eram mesmo de extraterrestres e que essas informações eram acobertadas pelo governo. Em 23 de julho de 2008, Mitchell, em entrevista à Kerrang Radio, da Inglaterra, disse que o acidente de Roswell fora realmente protagonizado por extraterrestres. "Fui muito privilegiado em ter estado num grupo restrito que sabia que temos tido visitas em nosso planeta e que o fenômeno óvni é real. Existem extraterrestres, e muitos óvnis têm visitado a Terra e realizado contatos de terceiro grau com funcionários da Nasa", relatou.

Dois anos mais tarde, o governo americano entrou com um processo contra Mitchell ao descobrir que ele havia colocado a leilão uma câmera usada pela tripulação da Apollo 14. O ex-comandante da Nasa teve de devolver a câmera, que passou a integrar a exposição do Museu Nacional Aéreo e Espacial, em Washington. Esse é um embate recorrente entre astronautas e a agência espacial americana, pois todos os objetos utilizados durante as missões são de posse do governo. Em 2012, Jim Lovell, da Apollo 13, tentou leiloar um caderno de anotações, mas foi impedido pela agência.

A falta de perspectivas pode dificultar o retorno à Terra. Por isso Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço, em 2006, não quer nem saber de se aposentar. "Nossa mente não foi feita para ficar parada ou olhar simplesmente para o passado", explica. "Precisamos de novos sonhos e metas. Certamente as condições do voo espacial causam emoções, estresse, isolamento, novidade e desconforto físico. Mas nós temos que encontrar sentido na vida depois de uma missão espacial. A missão, embora seja um grande feito em qualquer situação, não é o ponto mais alto da nossa vida", relata.

Depois de sua missão na Estação Espacial Internacional, o astronauta brasileiro já escreveu três livros, deu centenas de palestras e cursos, tornou-se embaixador da ONU e empresário. "É isso que faz com que não tenhamos qualquer efeito psicológico negativo", revela. Astronauta na ativa, à disposição do Brasil, Pontes sonha com o próximo voo e espera que isso aconteça em breve, ressaltando que existem muitas possibilidades para isso. Questionado sobre o futuro, o astronauta confidencia: "Espero muita coisa do futuro, e isso vai afetar muito positivamente o Brasil e os brasileiros. Espere e verá".

sexta-feira, 8 de março de 2013


Asteroide de 80m deve cruzar 'perto' da Terra neste fim de semana


Um asteroide com 80 metros de largura deve passar "próximo" à Terra neste fim de semana, mas especialistas da agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês) garantem que não há riscos para o planeta.

O corpo celeste vai se aproximar no final da tarde de sábado, a uma distância de 975 mil quilômetros. As informações são da CNN.

"É um asteroide de bom tamanho, mas não vai cruzar tão perto da Terra, pelo menos em comparação ao padrão recente", disse Don Yeomans, cientista da Nasa. Em fevereiro, no mesmo dia em que um meteorito cruzou o céu da Rússia deixando mais de 1 mil pessoas feridas, um asteroide de grandes proporções cruzou a uma distância de 28 mil quilômetros do nosso planeta. Especialistas garantiram que a queda do meteorito não tinha nenhuma relação com o asteroide.

Chamado de 2013ET, o corpo celeste que vai cruzar neste fim de semana foi descoberto há apenas uma semana. Agora que está em vista, disse Yeomans, a rota da rocha espacial pode ser monitorada pelos pesquisadores.

Segundo o cientista da NASA, o asteroide já poderá ser visto no Hemisfério Norte na noite de hoje, com a ajuda de telescópios. A partir de amanhã a visão será dificuldada porque ele deve cruzar durante o dia.

Erupção solar lança radiação rumo a Marte e Nasa vai 'desligar' Curiosity


Uma grande erupção solar detectada nesta semana pela agência espacial americana (Nasa) lançou um fluxo de radiação em direção à Marte, informaram nesta quinta-feira (7) agências de notícias internacionais.


O jato solar também lançou uma nuvem de gás superaquecido que está se movendo em direção ao planeta vermelho a uma velocidade de 3,2 milhões de km/h, diz a Nasa. Para evitar danos ao robô Curiosity, a agência vai desativar temporariamente o robô Curiosity, desligando suas atividades principais, diz a Associated Press.

"Nós estamos sendo cuidadosos", disse o coordenador do Laboratório de Propulsão à Jato da Nasa, Richard Cook. Apesar de o robô estar no planeta vermelho desde 2012 e ser projetado para resistir a efeitos atmosféricos de Marte, os cientistas optaram pela cautela.

Três outros equipamentos da Nasa - o robô Opportunity, que está em solo marciano, e duas sondas espaciais - continuarão com suas atividades normais, segundo a agência.

Os pesquisadores não esperam que a radiação tenha efeitos sobre Terra. No passado, erupções como esta causaram "tempestades solares" que afetaram o funcionamento de aviões, satélites e serviços de GPS, diz a Nasa.

Erupções solares podem prejudicar o funcionamento de equipamentos em Marte, ponderam os cientistas. Em 2003, uma tempestade solar desativou o detector de radiação da sonda Odyssey. A agência, no entanto, não espera que o mesmo ocorra com o robô Curiosity.

Os cientistas estavam tentando solucionar um defeito ocorrido recentemente no Curiosity quando a tempestade solar foi detectada. Um dos computadores de bordo do robô havia apresentado problemas por um erro na memória. Com a chegada da radiação, a Nasa decidiu esperar a radiação passar para resolver o problema.

Cientistas fazem mapas de canais subterrâneos marcianos


Cientistas divulgaram nesta quinta-feira na revista especializada Science novos mapas dos canais subterrâneos de Marte. Segundo os pesquisadores, entender melhor esses canais ajuda a explicar a atividade hidrológica do passado marciano e determinar se enchentes do passado podem ter causado mudanças climáticas que deixaram o planeta comoe ele está hoje.


O estudo usou dados do radar Shallow, que fica na sonda da Nasa (a agência espacial americana) Mars Reconnaissance Orbiter.

A pesquisa analisou a região de Elysium Planitia - um conjunto de planícies no equador e a mais jovem região vulcânica do planeta. Devido a essa atividade dos vulcões, a lava cobriu e escondeu a maior parte das evidências geológicas recentes da área. Embaixo do material expelido, se encontra um grande sistema de canais com 1 mil quilômetros de extensão, chamado de Marte Vallis.

Esse sistema é parecido com outros canais de Marte que se formaram por gigantescas enchentes do passado. Contudo, Marte Vallis é pouco conhecido devido a ter sido "sepultado" pela lava. Com os novos mapas, os pesquisadores conseguiram descobrir a origem das inundações, um local chamado de Cerberus Fossae.

"Nossas descobertas mostram que a escala de erosão foi subestimada previamente e que a profundidade do canal era pelo menos o dobro de aproximações anteriores", diz Gareth A. Morgan, um dos autores do estudo. "A fonte das enchentes sugerem que elas se originaram de um profundo reservatório subterrâneo e podem ter sido liberadas pela tectônica local ou por atividade vulcânica. Este trabalho demonstra a importância do radar orbital e de entender como a água esculpiu a superfície de Marte."

Cometa Pan-Starrs pode ser visto nos céus do Brasil


Para quem gosta de astronomia, o ano de 2013 promete um espetáculo à parte: os cometas. No Brasil, já é possível observar o Pan-Starrs. Segundo o Observatório Astronômico da PUCRS, quem quiser ver a pedra de gelo gigante terá de olhar para oeste durante o por do sol, em especial por volta das 19h30 (de Brasília).


Segundo Marcelo Emílio Bruckmann, técnico do observatório, com um pequeno instrumento, como um binóculo, já é possível observar o cometa. Em regiões com pouca poluição luminosa, existe a possibilidade de ele ser visto a olho nu. Ele vai estar bem próximo do horizonte. Outro cometa, o Lemmon, também está passando nos céus do País, mas é bem difícil de ser registrado.

O Pan-Starrs deve ser visto até o dia 15. O dia 12 deve ser o melhor para avistar o cometa. Ele vai aparecer cerca de 30 minutos depois do ocaso, próximo à Lua Nova (apesar de estar "oficialmente" nesta fase, o satélite já terá uma pequena "foice" visível).

Contudo, o Pann-Starrs é apenas um aquecimento para um show muito mais impressionante: o Ison. "Talvez este seja o cometa de séculos. Estão comentando que a visibilidade dele pode ser tal que possa ser visto durante o dia. Eu acho muito auspicioso ainda afirmar. É preciso ter algumas referências mais confiáveis sobre isso", diz Bruckmann. Mas a passagem do Ison só deve ser visível no final do ano.

Astrônomos fazem medição mais precisa da distância de galáxia vizinha


Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira em artigo na revista especializada Nature a melhor medição já feita da distância da Grande Nuvem de Magalhães, a galáxia mais próxima da Via Láctea. O dado pode ajudar os astrônomos, já que a estrelas da Grande Nuvem são usadas para fixar a escala de distâncias de galáxias mais remotas.


"A distância à Grande Nuvem de Magalhães é extremamente importante para a astrofísica. Ela define o melhor ponto zero para todas as distâncias na escala cósmica", diz ao Terra o líder do estudo, Grzegorz Pietrzynski, das universidades de Concepción, no Chile, e de Varsóvia, na Polônia.

Para determinar a distância de objetos no universo, os astrônomos usam as chamadas "velas padrão" - corpos os quais conhecemos bem o brilho absoluto, quanto menos brilhante este objeto parece para nós na Terra, mais longe ele está. Como sabemos o brilho "real" dele, podemos calcular a distância com precisão.

Contudo, a medição da distância para a Grande Nuvem se mostrou uma tarefa complicada, mas importante, já que as estrelas encontradas nesta galáxia são utilizadas para medirmos as distâncias para galáxias ainda mais remotas. Com o esforço dos cientistas, a precisão dessa medida melhorou muito - em 2001, a diferença entre os valores medidos chegava a 36%. Em 2011, os cientistas conseguiram medir a distância com uma margem de erro de 3%.

A medição mais precisa do início desta década utilizava um objeto conhecido como estrelas binárias eclipsantes - pares de estrelas que, do ponto de vista da Terra, passam uma em frente à outra em determinados intervalos de tempo, eclipsando uma à outra. Para que o dado fosse ainda mais preciso, os cientistas analisaram binárias eclipsantes descobertas recentemente e que são mais frias que as conhecidas até então.

"Nós descobrimos sistemas binários eclipsantes muito especiais. Baseados nas observações desses eclipses, nós medimos os tamanhos lineares de seus componentes. Usando relações bem estabelecidas - para estrelas frias -, nós derivamos também os tamanhos angulares (o tamanho aparente visto da Terra, medido por ângulos) de nossas estrelas gigantes frias em binárias eclipsantes. Assim, apenas multiplicando as dimensões lineares pelas angulares, nós temos a distância", diz Pietrzynski.

O resultado, afirmam os cientistas, é a distância de 49,97 mil parsecs, com uma margem de erro de 2,2%. "Dentro dos erros citados, nossa medida concorda muito bem com os estudos anteriores. No entanto, é muito mais exata e precisa, e muito mais confiável", diz o astrônomo.

"As distâncias dos corpos celestes são cruciais na astronomia. Elas permitem aos astrônomos entender a estrutura do universo; por exemplo, ver a organização do Sistema Solar e reconhecer as galáxias que estão além da Via Láctea", diz em artigo separado da revista Bradley E. Schaefer, da Universidade do Estado da Louisiana e que não teve envolvimento no estudo.

Schaefer destaca ainda que o cenário deve mudar completamente com o lançamento do telescópio Gaia. Segundo o astrônomo, a espaçonave vai ter uma capacidade muito maior de medir a distância para objetos cósmicos. "Assim, o tempo gasto com as binárias eclipsantes da Grande Nuvem de Magalhães no primeiro plano da astrofísica será limitado a apenas alguns anos pela frente", diz o professor. A previsão é que a missão Gaia seja lançada ainda em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).