segunda-feira, 15 de abril de 2013


Nuvem gelada anuncia o Outono no Pólo Sul de Titã


Uma nuvem gelada tomando forma no Pólo Sul de Titã é o sinal mais recente de que a mudança das estações inicia alterações radicais na atmosfera da maior lua de Saturno.

De um tipo desconhecido de gelo, este tipo de nuvem também existe no Pólo Norte de Titã, onde agora está se desfazendo, de acordo com observações feitas pelo espectrômetro infravermelho (CIRS, ou Composite Infrared Spectrometer) da sonda Cassini da NASA.

"Nós associamos este tipo particular de nuvem gelada com clima de Inverno em Titã, e esta é a primeira vez que a detectamos no Pólo Sul," afirma Donald E. Jennings, autor principal do estudo, pesquisador do CIRS no Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano do Maryland.

A nuvem de gelo do Sul, que aparece na zona infravermelha do espectro de luz, é prova de que um importante padrão de circulação atmosférica global em Titã já inverteu direção. Quando a Cassini observou o padrão de circulação, o ar quente do hemisfério Sul subia alto na atmosfera e foi transportado para o frio Pólo norte. Aí, o ar arrefeceu e deixou-se cair para as camadas mais baixas da atmosfera, onde formou nuvens geladas. Um padrão semelhante, chamado de Célula de Hadley, transporta ar quente e húmido dos trópicos da Terra para latitudes médias mais frias.

Com base nos modelos, os cientistas há muito tempo já previam uma inversão desta circulação, assim que o Pólo Norte de Titã começou a aquecer e o seu Pólo Sul começou a arrefecer. A transição oficial de Inverno para Primavera no Pólo Norte de Titã ocorreu em Agosto de 2009. Mas dado que cada estação da lua dura cerca de 7,5 anos terrestres, os pesquisadores ainda não sabiam exatamente quando esta inversão poderia acontecer ou quanto tempo levaria.

Os primeiros sinais da inversão apareceram em dados adquiridos no início de 2012, logo após o começo do Outono no Sul de Titã, quando dados da Cassini revelaram a presença de um "capuz nublado" de alta altitude e de um turbilhão polar no Pólo Sul. Ambas estas características estavam associadas com o frio Pólo Norte. Mais tarde, os cientistas da Cassini informaram que as observações infravermelhas dos ventos de Titã e das temperaturas, feitas com o CIRS, tinham fornecido evidências definitivas de afundamento de ar, em vez de ressurgência, no Pólo Sul. Ao olhar para trás nos dados, a equipe refinou a mudança na circulação até seis meses após o equinócio de 2009.

Apesar desta nova atividade no Pólo Sul, a nuvem gelada do Sul ainda não tinha aparecido. O CIRS só a detectou em Julho de 2012, poucos meses depois da neblina e vórtice terem sido avistados no Sul, de acordo com um estudo publicado na revista Astrophysical Journal Letters em Dezembro de 2012.

"Este atraso faz sentido porque, em primeiro lugar, o novo padrão de circulação tem que transportar enormes quantidades de gás para o Pólo Sul. Depois, o ar tem que afundar. Os gelos têm que condensar. E o Pólo tem de estar sob sombra suficiente para proteger os vapores que condensam para formar estes gelos," afirma Carrie Anderson, membro da equipe do CIRS e cientista da Cassini no Centro Goddard.

À primeira vista, a nuvem gelada do Sul parece estar se formando rapidamente. A nuvem gelada do Norte, por outro lado, estava presente quando a Cassini chegou a Saturno e tem se enfraquecido lentamente desde então.

Até o momento, a identidade do gelo nestas nuvens tem iludido os cientistas, embora já tenham descartado químicos simples, tais como metano, etano e cianeto de hidrogênio, que são tipicamente associados com Titã. Uma possibilidade é a de que a espécie X, termo que os membros da equipe gostam de chamar ao gelo, possa ser uma mistura de compostos orgânicos.

"O que está acontecendo nos pólos de Titã tem uma certa analogia com a Terra e os nossos buracos na camada de ozono," realça F. Michael Flasar, investigador principal do CIRS, também de Goddard. "E na Terra, os gelos nas altas nuvens polares não são apenas 'para enfeitar': desempenham um papel na libertação de cloro que destrói o ozônio. Como isto afeta a química de Titã, ainda não se sabe. Por isso é importante aprender o máximo que pudermos sobre este fenômeno, onde quer que o encontremos."

sábado, 13 de abril de 2013


Após erupção solar, Terra pode ter tempestade geomagnética


Erupções ocorridas no Sol nesta semana, consideradas as mais intensas deste ano, podem provocar até o fim da manhã deste sábado (13) uma tempestade geomagnética na Terra, que, dependendo da intensidade, pode afetar sistemas de telecomunicações do planeta e a rede de distribuição de energia elétrica, segundo cientistas.

Na última quinta-feira (11), a agência espacial americana, Nasa, captou explosões na coroa solar que emitiram no espaço jatos com bilhões de partículas que partiram em direção à Terra. Imagens feitas por equipamentos da agência captaram as explosões. Segundo a Nasa, o aumento no número de explosões solares é esperado para este período, em que o Sol está chegando próximo do pico de seu ciclo de atividade, que dura 11 anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP), a massa liberada pelo Sol viaja a uma velocidade de cerca de mil quilômetros por segundo e deve chegar à Terra nesta manhã.

No entanto, ainda não há como saber se ela provocará uma tempestade geomagnética e, caso isto ocorra, se terá tamanha intensidade a ponto de afetar equipamentos terrestres ou apenas provocará fenômenos como as auroras boreal e austral, um "show natural" de luzes coloridas que podem ser acompanhadas em regiões próximas aos polos Sul e Norte.

"A tempestade pode ser de dois tipos. Se a nuvem geomagnética estiver na mesma direção do campo magnético da Terra, os efeitos serão mais brandos e podem provocar apenas auroras. No entanto, se a nuvem de massa solar vier na direção oposta ao campo magnético terrestre, aí ocorrem tempestades geomagnéticas", explicou o pesquisador José Roberto Cecatto, da divisão de astrofísica do Inpe.

O fenômeno é medido em uma escala que vai de G1 a G5 " em que G5 é o nível mais forte. Ele não tem impacto direto sobre as pessoas nem sobre a natureza, mas pode afetar o funcionamento de satélites, GPS e redes de energia.

Além disso, a interferência causada pela radiação solar pode fazer com que algumas companhias desviem rotas de voos próximos aos polos.

"Essa nuvem não é uma das maiores já registradas, mas também não pode ser desprezada. Ela deve gerar alguns efeitos moderados no Brasil, como algumas perturbações na rede de distribuição de energia elétrica, de moderada intensidade. Os efeitos mais significativos podem ocorrer nas altas latitudes", explica o pesquisador.

Os equipamentos do Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial, ligado ao Inpe, que estão instalados na cidade do interior paulista deverão acompanhar o fenômeno neste sábado.

Curiosity não deve achar vestígios de vida em Marte, diz cientista


O robô Curiosity da Nasa abriu o caminho para demonstrar que Marte e a Terra já foram iguais, mas será muito difícil que esta missão dê o grande salto de encontrar vestígios de vida no planeta vermelho, afirmou Javier Gómez-Elvira, diretor do Centro de Astrobiologia (CAB) da Espanha.

"O objetivo do Curiosity é saber se Marte foi parecido com a Terra no princípio (de sua evolução)", explicou o cientista à Agência EFE em Viena, durante sua participação na Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências, que termina nesta sexta-feira.

Depois do discurso em uma apresentação dos últimos dados coletados pelo veículo explorador Curiosity, Gómez-Elvira disse que essas semelhanças, como a presença de uma atmosfera apta para a vida ou a presença de água na superfície, levam a acreditar que poderia ter havido vida em Marte.

Assim, o planeta vermelho seria "outro bom candidato para ver se o que aconteceu na Terra pode acontecer em outro ponto do Sistema Solar".

No entanto, para o chefe do CAB, um centro misto do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (Inta) e do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) não é provável que a missão do Curiosity dê maiores surpresas nesse sentido.

"Seria uma casualidade muito grande se houvesse esse salto", entre outras coisas porque "ele também não possui instrumentos" para isso, explicou. Assim, o Curiosity fica encarregado de dizer se "Marte e a Terra foram parecidos".

"Espera-se que o próximo "rover", que a Nasa vai enviar, em 2020, dê um passo além e tente buscar vestígios de vida", disse, confiante, Gómez-Elvira. Para essa missão de 2020, o CAB apresentou o Solid, um instrumento mais focado à detecção de vida microbiana e que espera que seja aceito pela Nasa.

Em relação às últimas análises realizadas pelo Curiosity na atmosfera de Marte, Sushil Atreya, da Universidade de Michigan, indicou, em entrevista coletiva, que ela apresenta mais evidências de que há milhões de anos foi muito mais grossa e rica e tinha as condições perfeitas para um mundo habitável. Em um processo que durou cerca de 4 bilhões de anos, Marte perdeu entre 85% e 95% de seu volume, afirmou.

O Curiosity chegou a Marte em agosto de 2012 para investigar a história meio ambiental na cratera de Gale, onde se acredita que um dia já houve as condições apropriadas para a existência de vida microbiana.

A Assembleia-Geral da União Europeia de Geociências reunirá até o dia 12 de abril cerca de 10 mil participantes que debaterão os mais variados assuntos como a mudança climática e seus custos, as últimas descobertas relacionadas a recursos naturais ou possíveis avanços no prognóstico de terremotos.

Um dos campos da atualidade que se tratarão é o do polêmico "fracking", ou fratura hidráulica, pelo crescente desenvolvimento dessa tecnologia para explorar o gás de xisto.

Nasa quer rebocar asteroide até a Lua, afirma senador
 

A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) quer capturar um pequeno asteroide e puxá-lo para a órbita da Lua como parte de um plano de longo prazo de estabelecer postos tripulados e permanentes no espaço, afirmou um senador norte-americano.

Para tirar o projeto do papel, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disponibilizará cerca de US$ 100 milhões à Agência Espacial em seu orçamento de 2014, que ele submeteu ao Congresso na quarta-feira (10), anunciou o senador Bill Nelson em comunicado.

"Isto faz parte daquilo que será um programa muito mais amplo", explicou o senador democrata. "O plano combina a ciência de mineração em um asteroide, o desenvolvimento de métodos para desviá-lo, bem como encontrar um lugar para desenvolver formas de viajar até Marte."

O plano prevê que uma nave robô capture o asteroide e o puxe na direção da Terra, deixando-o em uma órbita estável ao redor da Lua, perto o suficiente para que, dentro de oito anos, astronautas possam ir em sua direção.

Estudos desde 2012

Um plano similar foi proposto em 2012 por especialistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) - e o grupo, juntamente com outros altos cientistas de campo, prepararam, desde então, um estudo detalhado sobre a possibilidade de execução do projeto.

"Seria a primeira tentativa da humanidade de modificar os céus para possibilitar o estabelecimento permanente de seres humanos no espaço", afirmaram os cientistas em relatório.

Segundo análises de especialistas, a intenção de Obama de enviar uma missão tripulada para um asteroide próximo à Terra até 2025 é impossível, em vista dos atuais e projetados níveis de financiamento da Nasa.

Mas usar um veículo não-tripulado para trazer um asteroide de 500 toneladas para perto de casa mudaria o jogo e levaria os seres humanos a um asteroide até 2021, quatro anos antes do prazo final.

Uma vez estando lá, "haveria atividades de mineração, pesquisa sobre formas de desviar o asteroide da rota de colisão com a Terra e os testes do desenvolvimento de uma tecnologia para uma viagem rumo ao espaço sideral e ao planeta Marte", destacou comunicado do senador.

quarta-feira, 10 de abril de 2013


ESO divulga uma das mais nítidas imagens de nebulosa planetária


Verde e brilhante, a nebulosa planetária IC 1295 é vista nesta nova imagem obtida com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). A nebulosa rodeia uma estrela moribunda tênue situada a cerca de 3300 anos-luz de distância, na constelação do Escudo.

Esta é a imagem mais detalhada do objeto obtida até hoje.

Estrelas do tamanho do Sol terminam as suas vidas sob a forma de anãs brancas. Durante apenas alguns milhares de anos, estes objetos encontram-se rodeados por espetaculares nuvens brilhantes e coloridas de gás ionizado, conhecidas como nebulosas planetárias. No centro da imagem aparece um ponto brilhante azul esbranquiçado situado no coração da nebulosa, que é o que resta do núcleo queimado da estrela. O fraco brilho desta minúscula anã branca vem da energia térmica armazenada que, por sua vez, irá ser dissipada lentamente, ao longo de muitos bilhões de anos, à medida que a anã branca arrefece.

Estrelas com a massa do Sol e com massas que podem ir até oito vezes a massa solar, darão origem a nebulosas planetárias na fase final das suas vidas. O Sol tem 4,6 bilhões de anos e viverá ainda muito provavelmente mais quatro bilhões de anos.

Apesar do seu nome, as nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas. Este termo descritivo foi usado em algumas das primeiras descobertas destes objetos incomuns e deveu-se à semelhança visual apresentada entre eles e os planetas exteriores Urano e Netuno, quando observados através dos telescópios da época. Através de observações espectroscópicas no século XIX, descobriu-se que estes objetos eram, na realidade, gás brilhante.

Nasa não vai mais liderar missões tripuladas à Lua, afirma diretor


A Nasa não pretende enviar astronautas à Lua em um futuro próximo, afirmou o diretor Charles Bolden, segundo relatos da imprensa especializada. Ainda que decidam novamente mandar uma espaçonave tripulada ao satélite natural da Terra, porém, os EUA não devem mais liderar projetos como esse.

Os americanos não vão participar de outra missão tripulada à Lua nos próximos anos porque se concentram agora em enviar o homem a um asteroide e, eventualmente, a Marte.

"A Nasa não vai liderar uma missão lunar tripulada por humanos", disse Bolden, de acordo com o jornalista Jeff Foust, do SpacePolitics. "A Nasa não vai para a Lua com um humano como principal projeto enquanto eu viver, provavelmente. E o motivo é que só podemos fazer um determinado número de coisas", garantiu o astronauta, de 66 anos.

A agência espacial deve se concentrar na tentativa de realizar missões tripuladas a asteroides e a Marte, em vez da Lua. "Pretendemos fazer isso, e acreditamos que possa ser feito", declarou Bolden. O comentário do diretor da Nasa foi feito em resposta a uma sugestão de que a comunidade científica não tem demonstrado entusiasmo em avançar com uma missão tripulada a um asteroide até 2025 - uma ideia apoiada pelo presidente Barack Obama em 2010.

sábado, 6 de abril de 2013


Cientistas localizam água oxigenada na superfície de lua de Júpiter


Cientistas descobriram peróxido de hidrogênio - conhecido popularmente como água oxigenada - "abundante" na superfície de Europa, uma das luas de Júpiter. A substância poderia funcionar como uma importante fonte de energia para micro-organismos.

Não existe confirmação de que haja vida na lua, mas ela é considerada pelos cientistas como uma das principais candidatas a abrigar vida no Sistema Solar, fora da Terra. Além de água - que existe no estado líquido por baixo de uma crosta de gelo nos oceanos ", o corpo celeste contém em sua superfície carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre, elementos essenciais para o surgimento da vida.
Essa água oxigenada foi identificada em pontos da superfície de Europa, longe dos oceanos. No entanto, caso ela caia nos oceanos, uma reação química geraria oxigênio suspenso na água, e esse oxigênio possibilitaria a respiração de organismos vivos.

"A disponibilidade de oxidantes como o peróxido [de hidrogênio] na Terra foi uma parte fundamental da ascensão de formas de vida complexas e multicelulares", afirmou Kevin Hand, do Laboratório de Propulsão de Jatos da Nasa e autor principal do estudo, publicado pela revista científica "Astrophysical Journal Letters".