quarta-feira, 4 de setembro de 2013



Supertempestade em Saturno 'revira' gelo do planeta, diz Nasa



Uma supertempestade que atingiu Saturno "revirou" gelo da atmosfera do planeta, segundo uma pesquisa publicada na revista científica "Icarus". As informações sobre o estudo foram divulgadas nesta terça-feira (3) pela agência espacial americana (Nasa), que classificou a tormenta como "monstruosa".
O fenômeno gigantesco irrompeu em dezembro de 2010 no planeta, afirma a agência espacial. Tempestades deste gênero costumam aparecer no hemisfério norte de Saturno a cada 30 anos, em média.

A análise dos cientistas, junto com medições próximas ao infravermelho feitas pela sonda espacial Cassini, são a primeira deteccção já realizada de de gelo formado a partir de água em Saturno. A água, afirma a Nasa, se origina das profundezas da atmosfera do planeta.

"A nova descoberta da Cassini mostra que Saturno pode 'desenterrar' materiais a mais de 160 km [no fundo da atmosfera]", afirmou Kevin Baines, um dos autores do estudo e cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em entrevista à instituição.

"Isso demonstra de maneira muito realista que Saturno, apesar de parecer um planeta 'pacato', pode ser tão tão ou mais explosivo que Júpiter, conhecido pelas tempestades", reforçou Baines.

A pesquisa descobriu que as partículas que formam as nuvens no topo da tempestade são compostas de três substâncias: gelo de água, gelo de amônia e uma terceira substância que possivelmente é hidrosuslfeto de amônia.


Sonda da Nasa vai analisar a tênue atmosfera da Lua


A Nasa está voltando à Lua para estudar uma coisa que quase ninguém sequer imaginava que existisse: a atmosfera lunar. Se tudo correr bem, a sonda não tripulada Ladee (sigla para Explorador do Ambiente de Poeira e Atmosfera Lunar) deve decolar nesta sexta-feira, iniciando uma série de primazias para o programa espacial americano.

Será a primeira decolagem da Instalação de Voo Wallops, centro da Nasa na Virgínia. Até então, os lançamentos costumavam ser feitos a partir do Cabo Kennedy, na Flórida.

Também será a primeira espaçonave a manter comunicação com o pessoal em terra por laser, em vez de rádio, além da órbita terrestre.

Tudo para analisar a poeira que, ao que tudo indica, se eleva da superfície lunar, por motivos ainda não totalmente compreendidos.

Chamar o objeto de estudo da Ladee de "atmosfera" chega a ser uma gentileza. Para os efeitos práticos, a Lua não tem um invólucro gasoso como a Terra. O que há, na melhor das hipóteses, são partículas do solo em suspensão.

Só elas poderiam explicar um estranho brilho observado na borda da Lua no nascer do Sol, visto pelos astronautas das missões Apollo nas décadas de 1960 e 1970.

Da Terra, é possível estudar a atmosfera de outros mundos no Sistema Solar por meio das ocultações, nas quais o astro a ser investigado passa à frente de uma estrela de fundo.

Analisando a luz que passa de raspão pelo objeto de estudo, é possível determinar a existência de uma atmosfera e até sua composição.

Isso já foi feito para a Lua, sem resultado apreciável. "Pelo que sei, nas ocultações estelares pela Lua, não há nenhuma assinatura de atmosfera, o que significa que ela deve ser de pressão muito baixa e inferior ao limite de detecção", diz Roberto Vieira Martins, astrônomo do Observatório Nacional que estuda objetos além da órbita de Netuno usando essa técnica.

Ou seja, a Ladee está num território novo. A Nasa estima que a densidade da atmosfera lá seja um centésimo de milésimo da terrestre.

Numa órbita baixa ao redor da Lua (até 20 km da superfície), a sonda tentará colher grãos de poeira que possam estar em suspensão e medir a luminosidade emanada por eles no horizonte, para detectar sua natureza e composição exata.

Outro experimento importante da sonda é de cunho tecnológico. Ao usar laser para a comunicação, ela pode iniciar a aposentadoria do rádio como forma de transmissão de dados no espaço profundo. As vantagens são a energia bem mais baixa para enviar e receber pulsos de luz e a maior velocidade de transmissão de dados.

A espaçonave deve passar cem dias em sua fase científica, depois dos quais ela naturalmente decairá em sua órbita, até colidir com o solo lunar. A Nasa espera receber dados da sonda, que custou US$ 280 milhões, até o momento do choque.


Chandra observa buraco negro da Via Láctea "rejeitando comida"


Astrônomos usando o Observatório de raios-X Chandra deram um grande passo na explicação do motivo do material em torno do buraco negro gigante no centro da Via Láctea ser extremamente fraco em raios-X. Esta descoberta tem implicações importantes para a compreensão dos buracos negros.
Novas imagens de Sagittarius A* (Sgr A*) pelo Chandra, que está localizado a cerca de 26.000 anos-luz da Terra, indicam que menos de 1% do gás inicialmente ao alcance gravitacional de Sgr A* chega ao ponto de não retorno, também chamado horizonte de eventos. Em vez disso, a maior parte do gás é expelido antes de chegar perto do horizonte de eventos e antes de de aumentar seu brilho, levando à pouca emissão de raios-X.

Estas novas descobertas são o resultado de uma das mais longas campanhas observacionais já realizadas com o Chandra. O observatório recolheu o equivalente a cinco semanas de dados de Sgr A* em 2012. Os cientistas usaram este período de observação para capturar imagens e assinaturas energéticas em raios-X, extraordinariamente detalhadas e sensíveis, do gás super-aquecido que roda em torno de Sgr A*, cuja massa é aproximadamente 4 milhões de vezes maior que a do Sol.

"Nós achamos que a maioria das grandes galáxias tem um buraco negro supermassivo no seu centro, mas estão muito longe para estudarmos como a matéria flui perto deles," realça Q. Daniel Wang da Universidade de Massachusetts em Amherst, que liderou o estudo publicado na revista Science. "Sgr A* é um dos poucos buracos negros perto o suficiente para que nós possamos realmente testemunhar este processo."

Os pesquisadores descobriram que os dados de Sgr A* pelo Chandra não suportam os modelos teóricos nos quais os raios-X são emitidos a partir de uma concentração de estrelas de baixa-massa em redor do buraco negro. Em vez disso, os dados em raios-X mostram que o gás perto do buraco negro provavelmente é originário de ventos produzidos por uma distribuição de jovens estrelas massivas, distribuição esta em forma de disco.

"Esta nova imagem do Chandra é uma das mais esplêndidas que já vi," afirma a co-autora Sera Markoff da Universidade de Amesterdão nos Países Baixos. "Estamos vendo Sgr A* capturando gás quente expelido por estrelas próximas, e a afunilá-lo na direção do horizonte de eventos."

Para mergulhar no horizonte de eventos, o material capturado por um buraco negro deve perder calor e momento. A expulsão de matéria permite com que isto ocorra.

"A maioria do gás deve ser jogado fora assim que uma pequena quantidade alcança o buraco negro," afirma o co-autor Feng Yuan do Observatório Astronômico de Xangai na China. "Ao contrário do que se pensa, os buracos negros na realidade não devoram tudo o que é puxado na sua direção. Sgr A* aparentemente acha que muito do seu alimento é difícil de engolir."

O gás disponível para Sgr A* é muito difuso e super-quente, por isso é difícil de ser capturado e engolido pelo buraco negro. Os buracos negros glutões que alimentam quasares e produzem grandes quantidades de radiação têm reservatórios de gás muito mais frio e denso do que os de Sgr A*.

O horizonte de eventos de Sgr A* lança uma sombra contra a matéria brilhante em torno do buraco negro. Esta pesquisa ajuda os esforços que usam radiotelescópios para observar e compreender a sombra. Também será útil para a compreensão do efeito que as estrelas e nuvens de gás em órbita têm sobre a matéria que flui na direção de e para longe do buraco negro.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cientistas acham asteroide na órbita de Urano e acreditam em "população"


Astrônomos anunciaram nesta quinta-feira a descoberta do primeiro asteroide troiano de Urano. Segundo os cientistas, 2011 QF99 pode fazer parte de uma população de objetos maior do que esperada e que está presa pela gravidade dos planetas gigantes do Sistema Solar. 

Asteroides troianos são aqueles que dividem a órbita de um planeta - a Terra, inclusive, tem o seu. Astrônomos consideravam que era improvável a presença de um desses objetos na órbita de Urano, já que a gravidade de seus planetas vizinhos deveria desestabilizar e expelir a pedra para os confins do Sistema Solar. 

Antes de descobrir o asteroide, os pesquisadores criaram uma simulação computadorizada do Sistema Solar com os objetos que orbitam a estrela, inclusive os troianos. "Surpreendentemente, nosso modelo prevê que, em qualquer tempo dado, 3% dos objetos dispersos entre Júpiter e Netuno devem coorbitar ou Urano, ou Netuno", diz Mike Alexandersen, líder do estudo publicado na revista especializada Science. 

Segundo os pesquisadores, QF99 foi preso pela órbita do planeta há poucas centenas de milhares de anos e deve escapar em cerca de 1 milhão de anos. "Isto nos conta algo sobre a evolução do Sistema Solar", diz Alexandersen. "Ao estudar o processo pelo qual troianos são capturados temporariamente, podemos entender melhor como objetos migram pela região planetária do Sistema Solar." 

O estudo foi conduzido pela Universidade da Columbia Britânica (Canadá), Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá e o Observatório de Besancon (França). 

Cientista sugere que vida começou em Marte antes de chegar à Terra


Um estudo apresentado em uma conferência científica sugere que a vida pode ter começado em Marte antes de chegar à Terra. A teoria foi apresentada pelo químico Steven Benner, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Westheimer (EUA), em na Conferência de Goldschmidt, em Florença, na Itália.

A forma como átomos se juntaram pela primeira vez para formar os três componentes moleculares dos seres vivos - RNA, DNA e proteínas - sempre foi alvo de especulação acadêmica.

As moléculas não são as mais complexas que aparecem na natureza, ainda assim não se sabe como elas surgiram. Acredita-se que o RNA (ácido ribonucleico) foi o primeiro a surgir na Terra, há mais de três bilhões de anos.

Hostil

Uma possibilidade para a formação do RNA a partir de átomos, como carbono, seria o uso de energia (calor ou luz). No entanto, isso produz apenas alcatrão.

Para criação do RNA, os átomos precisam ser alinhados de forma especial em superfícies cristalinas de minerais. Mas esses minerais teriam se dissolvido nos oceanos da Terra naquela época.

Benner diz que esses minerais eram abundantes em Marte. Ele sugere que a vida teria surgido primeiro em Marte, seguindo para a Terra em meteoritos.

Na conferência em Florença, o cientista apresentou resultados sugerindo que minerais que contém elementos como boro e molibdênio são fundamentais na formação da vida a partir dos átomos.

Ele diz que os minerais de boro ajudam na criação de aros de carboidrato, gerando químicos que são posteriormente realinhados pelo molibdênio. Assim surge o RNA. O ambiente da Terra, nos primeiros anos do planeta, seria hostil aos minerais de boro e ao molibdênio.

"É apenas quando o molibdênio se torna altamente oxidado que ele é capaz de influenciar na formação da vida", diz Benner. "Esta forma de molibdênio não existira na Terra quando a vida surgiu, porque há três bilhões de anos a Terra tinha muito pouco oxigênio. Mas Marte tinha bastante."

Segundo ele, isso é "outro sinal que torna mais provável que a vida na Terra tenha chegado por um meteorito que veio de Marte, em vez de surgido no nosso planeta".

Outro fator que reforçaria a tese é o clima seco de Marte, mais propício para o surgimento de vida. "As evidências parecem estar indicando que somos todos marcianos, na verdade, e que a vida veio de Marte à Terra em uma rocha", disse Benner à BBC.


"Por sorte, acabamos aqui - já que a Terra certamente é o melhor entre os dois planetas para sustentar vida. Se nossos hipotéticos ancestrais marcianos tivessem ficado no seu planeta, talvez nós não tivéssemos uma história para contar hoje."

Equipe da USP ajuda a descobrir mais velha estrela 'gêmea' do Sol


Uma equipe de quatro astrônomos da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Observatório Europeu do Sul (ESO), ajudou a descobrir a estrela "gêmea" do Sol mais velha já identificada, com 8,2 bilhões de anos – quase o dobro da idade da nossa estrela, que tem 4,6 bilhões de anos.

A Hipparcos 102152 (ou HIP 102152) fica a 250 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Capricórnio. Para observá-la, foi usado o Very Large Telescope (VLT) do ESO, localizado no norte do Chile, durante 40 noites desde 2011. Além da USP, participaram do trabalho dois cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e dez estrangeiros.

Segundo os pesquisadores, que devem publicar os resultados na revista "Astrophysical Journal Letters", esse astro antigo – que tem temperatura, gravidade e composição química parecidas com as do Sol – oferece a possibilidade de entender como o nosso astro vai envelhecer nos próximos bilhões de anos. Os cientistas confirmaram ainda a idade de outra estrela "gêmea", a 18 Scorpii, que tem 2,9 bilhões de anos, ou seja, bem mais jovem que a nossa.

De acordo com a equipe da USP, as observações sugerem que a HIP 102152 também tem planetas rochosos (como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) em sua órbita. Além disso, a descoberta apontou níveis muito baixos de lítio na estrela "gêmea", assim como acontece com o Sol, o que demonstra pela primeira vez que astros mais velhos e semelhantes ao nosso perdem esse elemento químico ao longo da vida. Esse "mistério" para a astrofísica já durava 60 anos, e agora começa a ser solucionado, ressaltam os autores, liderados pela americana TalaWanda Monroe, ligada à USP.

Para o pesquisador peruano Jorge Meléndez, que também atua na USP e é coautor do estudo, há décadas os astrônomos buscam estrelas "gêmeas" do Sol, para conhecer melhor a nossa própria, que é responsável pela vida na Terra. Apesar disso, a primeira delas só foi encontrada em 1997 e, desde então, poucas foram identificadas.

Meléndez diz que o objetivo agora, até 2015, é detectar astros ainda mais velhos, e também mais novos, para entender bem a dinâmica de envelhecimento solar. Outra meta é identificar "superterras", com massa entre cinco e dez vezes maiores que a nossa.

A importância do lítio

O lítio é o terceiro elemento da tabela periódica e foi criado durante o Big Bang, ao mesmo tempo que o hidrogênio e o hélio. Há anos, os astrônomos observam que algumas estrelas têm menos lítio que outras. Com a descoberta da HIP 102152, os cientistas viram uma forte relação entre a idade de uma estrela do tipo solar e seu conteúdo de lítio.

O Sol tem hoje apenas 1% da quantidade desse elemento presente na época de sua formação. Segundo o astrofísico boliviano naturalizado suíço Ramiro de la Reza, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, é raro encontrar uma estrela com tão pouco lítio como o Sol.

"Esse é um elemento leve, muito frágil, que se destrói facilmente por dois fatores: ou ele queima no interior da estrela, onde é muito quente, ou se mistura e dilui com o material da superfície (fotosfera) em contato com o do interior", explica de la Reza, que pesquisa o lítio desde 1975, quando ajudou a estabelecer a medida exata da abundância desse componente no Sol, pela Universidade de Genebra, na Suíça.

À medida que uma estrela envelhece, sua temperatura aumenta, e isso também favorece que o lítio se dissipe. É por isso que esse elemento – que na Terra é usado em baterias de celulares e medicamentos como estabilizadores de humor, pra transtorno bipolar – serve como um indicador de evolução, ou um "termômetro evolutivo", que tem sido um importante instrumento de pesquisa sobre o Universo.

"O lítio é detectado em lugares mais frios, ou jovens. E também já fiz uma pesquisa que apontou que o fato de haver exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) não modifica a quantidade dele, mas esse estudo ainda precisa ser ampliado", destaca o astrofísico boliviano.

Agora, de la Reza investiga o que acontece com o lítio em estrelas com e sem disco em volta. Isso porque o disco influencia na rotação do astro, e a rotação tem impacto direto na quantidade de lítio. O Sol mesmo já teve um disco em torno de si, que formou os planetas – hoje, o que sobrou disso são um cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e partículas mais além de Netuno (chamadas de Cinturão de Kuiper).

"Era um disco de gás que sumiu em 10 milhões de anos, quando o Sol ainda era uma 'criancinha'. Ele foi embora e só ficou a poeira. Atualmente, esses asteroides colidem entre si e geram uma nova poeira, que é de segunda geração", diz.

Sobre a estrela HIP 102152 ser "gêmea" do Sol, de la Reza diz que não concorda com a palavra.

"Não gosto de chamar de gêmeo, sempre tem alguma diferença. Pode ser do tipo solar, parecida com o Sol, mas nossa estrela é única", destaca.

Adesão do Brasil ao ESO

O ESO é uma organização fundada há 50 anos e formada atualmente por 14 países europeus (Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido). Em 2010, o Brasil assinou um acordo de adesão para se tornar o 15° membro, mas a assinatura oficial depende da aprovação do Congresso Nacional, onde o projeto tramita desde fevereiro deste ano.

Ao todo, a proposta deverá passar por quatro comissões da Câmara dos Deputados e três do Senado. Até o momento, ela foi votada apenas na primeira comissão da Câmara.

"Essa é a velocidade normal (de tramitação), mas está avançando. Os políticos precisam entender por que é importante fazer um investimento desse porte na ciência", diz o diretor científico do ESO, o físico brasileiro Claudio Melo.

Segundo ele, esses recursos incluiriam uma taxa de adesão de 130 milhões de euros (R$ 404 milhões), divididos em dez anos, além de uma anuidade proporcional ao Produto Interno Bruto (PIB) do país – o que hoje giraria em torno de R$ 800 mil e, em 2023, chegaria a R$ 40 milhões.

"Toda essa infraestrutura (do ESO) está disponível à comunidade brasileira, e a pesquisa (da USP) mostra que temos nível internacional, como qualquer outro país. Ela é uma maneira de chamar a atenção, não de pressionar (o Congresso)", afirma Melo.

Sobre a diferença entre usar o complexo do ESO para estudos e se tornar membro efetivo, a professora Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférias (IAG) da USP, destaca que apenas 2% dos pedidos de países não-membros são aprovados para observação no ESO, o que exige que "o projeto seja tão bom a ponto de ganhar um Nobel ou tenha como primeiro autor um cientista europeu".

"O ESO tem uma política de 'open sky' (céu aberto), em que qualquer um pode pedir tempo para observações, mas os membros têm prioridade. E, a longo prazo, isso muda tudo em termos de política e desenvolvimento científico e tecnológico para o Brasil", completa Melo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cientistas encontram provas de água em grãos minerais da Lua


Cientistas encontraram provas de água em grãos minerais da superfície da Lua de origens ainda desconhecidas na profundidade do satélite, informou a Nasa nesta terça-feira.

Os pesquisadores usaram dados coletados pelo Instrumento de Mineralogia (M3) da Nasa a bordo da cápsula Chandrayaan 1, da Organização de Pesquisa Espacial de Índia, e detectaram água magmática, ou seja a originada nas profundezas lunares.

É a primeira detecção desta forma de água a partir de um objeto na órbita da Lua. Estudos anteriores mostraram a existência de água magmática em amostras lunares coletadas pelos astronautas do programa Apollo.

O M3 captou imagens da cratera Bullialdus, causada por um impacto perto da linha equatorial da Lua. A Nasa explicou que os cientistas estão interessados nessa área porque poderiam calculacar melhor o volume de água dentro das rochas devido à localização da cratera e ao tipo de minerais contidos lá.

O pico central da cratera é composto por um tipo de rocha que se forma nas profundezas da crosta lunar e do manto lunar quando o magma fica preso ali.

"Essa rocha, que normalmente fica muito abaixo da superfície, foi escavada desde as profundezas pelo impacto que formou a cratera Bullialdus", explicou Rachel Klima, geóloga planetária no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland.

"Na comparação com o entorno, encontramos na porção central da cratera um volume significativo de hidroxila, uma molécula feita de um átomo de oxigênio e um de hidrogênio, o que prova que as rochas nesta cratera contêm água que se originou muito abaixo da superfície lunar", disse Rachel.

Em 2009, o M3 fez seu primeiro mapa mineralógico da superfície lunar e descobriu moléculas de água nas regiões polares da Lua. Na primeira avaliação os cientistas supuseram que essa água seria uma camada fina formada pelo impacto do vento solar sobre a superfície lunar.

Mas a Bullialdus fica em uma região pouco propícia para o vento solar produzir quantidades significativas de água na superfície.

"As missões da Nasa, como o Prospector Nuclear e o Satélite de Observação e Sensores de Cratera Lunar, e os instrumentos como o M3 coletaram dados cruciais que mudaram radicalmente nossa ideia da existência de água na superfície da Lua", disse Pete Worden, diretor do Centro Ames de Pesquisa da Nasa em Moffett Field, Califórnia.


A detecção de água dentro de uma observação orbital significa que os cientistas podem provar algumas das conclusões de estudos em amostras em um contexto mais amplo, incluindo regiões distantes de onde chegaram as missões Apollo.