Chandra observa buraco negro da Via Láctea "rejeitando comida"
Astrônomos usando o Observatório de raios-X Chandra deram um
grande passo na explicação do motivo do material em torno do buraco negro
gigante no centro da Via Láctea ser extremamente fraco em raios-X. Esta
descoberta tem implicações importantes para a compreensão dos buracos negros.
Novas imagens de Sagittarius A* (Sgr A*) pelo Chandra, que
está localizado a cerca de 26.000 anos-luz da Terra, indicam que menos de 1% do
gás inicialmente ao alcance gravitacional de Sgr A* chega ao ponto de não
retorno, também chamado horizonte de eventos. Em vez disso, a maior parte do
gás é expelido antes de chegar perto do horizonte de eventos e antes de de
aumentar seu brilho, levando à pouca emissão de raios-X.
Estas novas descobertas são o resultado de uma das mais
longas campanhas observacionais já realizadas com o Chandra. O observatório
recolheu o equivalente a cinco semanas de dados de Sgr A* em 2012. Os
cientistas usaram este período de observação para capturar imagens e
assinaturas energéticas em raios-X, extraordinariamente detalhadas e sensíveis,
do gás super-aquecido que roda em torno de Sgr A*, cuja massa é aproximadamente
4 milhões de vezes maior que a do Sol.
"Nós achamos que a maioria das grandes galáxias tem um
buraco negro supermassivo no seu centro, mas estão muito longe para estudarmos
como a matéria flui perto deles," realça Q. Daniel Wang da Universidade de
Massachusetts em Amherst, que liderou o estudo publicado na revista Science.
"Sgr A* é um dos poucos buracos negros perto o suficiente para que nós
possamos realmente testemunhar este processo."
Os pesquisadores descobriram que os dados de Sgr A* pelo
Chandra não suportam os modelos teóricos nos quais os raios-X são emitidos a
partir de uma concentração de estrelas de baixa-massa em redor do buraco negro.
Em vez disso, os dados em raios-X mostram que o gás perto do buraco negro
provavelmente é originário de ventos produzidos por uma distribuição de jovens
estrelas massivas, distribuição esta em forma de disco.
"Esta nova imagem do Chandra é uma das mais esplêndidas
que já vi," afirma a co-autora Sera Markoff da Universidade de Amesterdão
nos Países Baixos. "Estamos vendo Sgr A* capturando gás quente expelido
por estrelas próximas, e a afunilá-lo na direção do horizonte de eventos."
Para mergulhar no horizonte de eventos, o material capturado
por um buraco negro deve perder calor e momento. A expulsão de matéria permite
com que isto ocorra.
"A maioria do gás deve ser jogado fora assim que uma
pequena quantidade alcança o buraco negro," afirma o co-autor Feng Yuan do
Observatório Astronômico de Xangai na China. "Ao contrário do que se
pensa, os buracos negros na realidade não devoram tudo o que é puxado na sua
direção. Sgr A* aparentemente acha que muito do seu alimento é difícil de
engolir."
O gás disponível para Sgr A* é muito difuso e super-quente,
por isso é difícil de ser capturado e engolido pelo buraco negro. Os buracos
negros glutões que alimentam quasares e produzem grandes quantidades de
radiação têm reservatórios de gás muito mais frio e denso do que os de Sgr A*.
O horizonte de eventos de Sgr A* lança uma sombra contra a
matéria brilhante em torno do buraco negro. Esta pesquisa ajuda os esforços que
usam radiotelescópios para observar e compreender a sombra. Também será útil
para a compreensão do efeito que as estrelas e nuvens de gás em órbita têm
sobre a matéria que flui na direção de e para longe do buraco negro.
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