domingo, 9 de junho de 2013

A vizinhança da Terra na Via Láctea merece mais respeito


A vizinhança do nosso Sistema Solar na Via Láctea está maior. Nós vivemos entre dois grandes braços espirais da nossa Galáxia, numa estrutura chamada Braço Local.

Novas pesquisas usando a visão rádio ultra-nítida do VLBA (Very Long Baseline Array) indicam que o Braço Local (também chamado Braço de Orion), que se pensava ser uma zona pequena, é na realidade mais parecida com os grandes braços adjacentes, e é provavelmente um ramo importante de um deles.

"As nossas evidências sugerem que o Braço Local devia aparecer como uma característica proeminente da Via Láctea," afirma Alberto Sanna, do Instituto Max-Planck para Radioastronomia. Sanna e colegas apresentaram os seus achados numa reunião da Sociedade Astronômica Americana em Indianapolis, Indiana, EUA.

A determinação da estrutura da nossa própria Galáxia há muito que é um problema para os astrônomos porque estamos dentro dela. A fim de mapear a Via Láctea, os cientistas necessitam de medir com precisão as distâncias até objetos dentro da Galáxia. No entanto, a medição das distâncias cósmicas é também uma tarefa difícil, o que leva a grandes incertezas. O resultado é que, enquanto os astrônomos concordam que a nossa Via Láctea tem uma estrutura espiral, não conseguem encontrar um consenso sobre o seu número de braços e as suas posições específicas.

Para ajudar a resolver este problema, os cientistas voltaram-se para o VLBA e para a sua capacidade de fazer as medições mais precisas, à disposição dos astrônomos, de posições no céu. O VLBA permitiu com que os astrônomos usassem uma técnica que produz medições precisas de distâncias, de forma inequívoca e através de trigonometria simples.

Ao observar objetos quando a Terra está em lados opostos da sua órbita em torno do Sol, os astrônomos podem medir a sutil mudança na posição aparente do objeto no céu, em relação ao fundo de objetos mais distantes. Este efeito tem o nome de paralaxe, e pode ser demonstrado colocando um dedo perto do nariz e fechando alternadamente cada olho. A capacidade do VLBA para medir com precisão as muito pequenas mudanças na posição aparente permite aos cientistas usar este método trigonométrico para determinar diretamente distâncias muito mais longínquas da Terra do que era antes possível.

Os astrônomos usaram este método para medir as distâncias de regiões formação estelar na Via Láctea onde as moléculas de água e metanol impulsionam as ondas de rádio, da mesma forma que um laser estimula ondas de luz. Estes objetos, chamados masers, são como faróis para os radiotelescópios. As observações do VLBA, realizadas entre 2008 e 2012, produziram medições precisas da distância de masers e também permitiram aos cientistas acompanhar o seu movimento pelo espaço.

Um resultado surpreendente foi uma atualização do estado do Braço de Orion no qual o nosso Sistema Solar reside. Nós estamos entre dois grandes braços espirais da Galáxia, o Braço de Sagitário e o Braço de Perseu. O Braço de Sagitário está mais perto do Centro Galático e o Braço de Perseu está mais para fora na Galáxia. Pensava-se que o Braço de Orion era apenas uma estrutura menor entre os dois braços maiores. Os detalhes desta descoberta foram publicados na revista Astrophysical Journal por Xu Ye e seus colaboradores.

"Com base nas distâncias e nos movimentos medidos, o nosso Braço Local não é uma área de pequena importância. É uma grande estrutura, talvez um ramo do Braço de Perseu, ou possivelmente um segmento independente de um braço," afirma Sanna.

Os cientistas também apresentaram novos detalhes sobre a distribuição da formação estelar no Braço de Perseu e no Braço mais exterior e distante, que engloba uma deformação na nossa Galáxia.

As novas observações fazem parte de um projeto em andamento com a sigla BeSSeL (Bar and Spiral Structure Legacy), um grande esforço para mapear a Via Láctea usando o VLBA. A sigla honra Friedrich Wilhem Bessel, o astrônomo alemão que fez a primeira medição precisa da paralaxe estelar em 1838.


O VLBA, inaugurado em 1993, usa dez antenas parabólicas com 25 metros de diâmetro distribuídas desde o Hawaii até às Caraíbas. Todas as dez antenas trabalham como um único telescópio com o maior poder de resolução disponível na astronomia. Esta capacidade única produziu contribuições marcantes em vários campos científicos, desde placas tectônicas na Terra, pesquisa climatérica, passando por navegação de naves espaciais até cosmologia.

Fábrica de cometas é descoberta e ajuda a explicar fenômeno misterioso


Novas observações da “armadilha de poeira” em torno de uma estrela jovem solucionam mistério de longa data relativo à formação planetária,

A armadilha de poeira em torno de uma estrela jovem foi claramente observada e modelada por astrônomos pela primeira vez, resolvendo assim um mistério de longa data relativo ao modo como as partículas de poeira nos discos crescem até atingirem tamanhos suficientemente grandes, que as levem eventualmente a formarem cometas, planetas e outros corpos rochosos. Em uma região como essa, partículas de poeira podem crescer juntando-se umas às outras. A observação inédita foi feita com o auxílio do telescópio espacial Matriz Atacama de Largo Milímetro/submillímetro (ALMA, na sigla em inglês).

Os astrônomos sabem atualmente que existem inúmeros planetas em torno de outras estrelas, mas ainda não compreendem bem como é que esses corpos se formam. Existem muitos aspectos na formação de cometas, planetas e outros corpos rochosos que permanecem um mistério. Agora, novas observações como essa começam a responder a uma pergunta que intriga os cientistas: como é que pequeníssimos grãos de poeira situados no disco em torno de uma estrela jovem crescem mais e mais, até atingirem o tamanho de cascalho ou mesmo pedregulhos com mais de um metro? Os resultados serão publicados na edição desta semana da revista Science.

Modelos de computador sugerem que os grãos de poeira crescem quando colidem uns com os outros, aglutinando-se. No entanto, quando esses grãos maiores se chocam de novo a alta velocidade, ficam muitas vezes desfeitos em pedaços, voltando ao ponto original. Mesmo quando isso não acontece, os modelos mostram que os grãos maiores rapidamente se deslocam para o interior devido à fricção entre a poeira e o gás, caindo assim na estrela-mãe, o que não lhes deixa nenhuma hipótese de crescer mais.


Assim, os grãos de poeira precisam de uma espécie de porto seguro onde as partículas possam continuar a crescer até atingirem um tamanho que lhes permita sobreviver por si mesmas. Tais “armadilhas de poeira” foram já sugeridas, mas até agora não havia prova observacional da sua existência.

Robô Curiosity, da Nasa, parte para explorar monte em Marte


O robô Curiosity, da Nasa, está a caminho do monte Sharp, o alvo principal de uma missão de dois anos para procurar habitats nos quais poderia ter existido vida, disseram especialistas nesta quarta-feira.

O jipê-robô aterrissou dez meses atrás numa área de cratera gigante perto da linha do equador do planeta, um local escolhido por causa de rochas em camadas, de 5 quilômetros de altura. Em vez de ir diretamente para o monte Sharp, os cientistas queriam explorar uma área na direção oposta, onde imagens tiradas da órbita mostraram três tipos diferentes de rochas se unindo.

O Curiosity perfurou uma amostra a partir de uma laje de rocha e imediatamente atingiu poeira. As análises mostraram que continha seis elementos necessários para a vida microbiana - hidrogênio, carbono, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo - mais água que não tinha sido muito ácida nem muito salgada.

Após um intervalo de um mês causado por um bloqueio de comunicações pelo sol, no mês passado o jipê-robô dirigiu cerca de 2,7 metros e perfurou outra pedra de argila. A análise da amostra ainda não foi concluída, disse o cientista Joy Crisp, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, em declaração a repórteres em uma teleconferência nesta quarta-feira.

Na segunda-feira, os cientistas enviaram comandos para o robô se movimentar e começar a dirigir rumo à base do monte Sharp, localizada cerca de oito quilômetros a sudoeste de sua posição atual.

Vai ser uma viagem lenta e tortuosa. Estão programadas pelo menos três paradas para os estudos científicos, incluindo medições para determinar o quanto mais seca a região fica à medida que o Curiosity se afasta da baía Yellowknife Bay, área de baixa altitude onde realizou suas primeiras investigações.

"Vamos manter nossos olhos abertos enquanto dirigimos e se, de fato, passar por algo que seja incrível, nós realmente podemos retornar e averiguar, mas não há nada que estejamos vendo, da órbita, que seja algo como uma evidência superconvincente de que haja vida ou algo parecido com isso", disse Crisp.


"O que temos é um desejo real de chegar ao monte Sharp", acrescentou.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Imagem pode ser de exoplaneta mais leve já visto diretamente


Uma equipe de astrônomos utilizou o VLT (Very Large Telescope) do ESO para obter a imagem de um objeto tênue que se desloca próximo de uma estrela brilhante. Com uma massa estimada em quatro a cinco vezes a massa de Júpiter, este pode bem ser o planeta com menos massa a ser observado fora do Sistema Solar de forma direta.

A descoberta é uma contribuição importante ao estudo da formação e evolução de sistemas planetários.

Embora quase mil exoplanetas tenham sido descobertos até agora indiretamente - a maioria dos quais pelo método dos trânsitos ou das velocidades radiais - e muitos mais candidatos aguardem confirmação, apenas para cerca de uma dúzia de exoplanetas foi possível obter imagens diretamente. Nove anos depois do VLT ter capturado a primeira imagem de um exoplaneta, o companheiro planetário da anã castanha 2M1207, a mesma equipe obteve agora a imagem do que parece ser o mais leve destes objetos observado até agora.

"Obter imagens de planetas de forma direta requer técnicas extremamente complexas, utilizando os instrumentos mais avançados, estejam eles no solo ou no espaço," diz Julien Rameau, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble, França, autor principal do artigo científico que descreve a descoberta. "Apenas alguns planetas foram até agora observados diretamente, o que faz de cada descoberta destas um importante marco no caminho da compreensão dos planetas gigantes e da sua formação."

Nas novas observações, o provável planeta aparece como um ponto tênue mas bem definido próximo da estrela HD 95086. Uma observação posterior mostrou também que o objeto se desloca lentamente com a estrela ao longo do céu, o que sugere que este corpo, designado por HD 95086 b, está em órbita em torno da estrela. O seu brilho indica igualmente que terá uma massa de apenas quatro a cinco vezes a massa de Júpiter.

A equipe usou o NACO, o instrumento de óptica adaptativa montado num dos telescópios principais do VLT do ESO. Este instrumento permite obter imagens muito nítidas, ao corrigir os efeitos de distorção na imagem devido à turbulência atmosférica. As observações foram feitas no infravermelho com uma técnica chamada imagem diferencial, que faz aumentar o contraste entre o planeta e a ofuscante estrela hospedeira.

O planeta recém-descoberto orbita a jovem estrela HD 95086 a uma distância de cerca de 56 vezes a distância entre a Terra e o Sol, o que corresponde a duas vezes a distância entre o Sol e Neptuno. A estrela propriamente dita tem um pouco mais massa do que o Sol e encontra-se rodeada por um disco de detritos. Estas propriedades permitiram aos astrônomos identificá-la como um candidato ideal a possuir planetas jovens de grande massa em sua órbita. O sistema situa-se a cerca de 300 anos-luz de distância da Terra.

A juventude da estrela, com apenas 10 a 17 milhões de anos, levou os astrônomos a pensar que este novo planeta se formou muito provavelmente no interior do disco gasoso e poeirento que a circunda. "A sua posição atual levanta questões relativas ao processo de formação. O planeta pode ter crescido ao assimilar rochas que formaram o núcleo sólido e depois acumulando lentamente gás do meio circundante de modo a formar a atmosfera densa ou então, começou a formar-se a partir de uma acumulação de matéria gasosa com origem em instabilidades gravitacionais no disco," explica Anna-Marie Lagrange, outro membro da equipe. "Interações entre o planeta e o disco propriamente dito, ou até outros planetas, podem ter feito deslocar o planeta do local onde nasceu."


Outro membro da equipe, Gaël Chauvin, conclui: "O brilho das estrelas dá a HD 95086 b uma temperatura à superfície estimada de cerca de 700 graus Celsius, o que é suficientemente frio para que vapor de água e possivelmente metano existam na atmosfera. Este será um belo objeto para estudar com o futuro instrumento SPHERE, a ser montado no VLT. Talvez possamos até revelar planetas interiores no sistema - se eles existirem."

Limbo solar: sonda vai explorar regiões desconhecidas do Sol


A Nasa (a agência espacial americana) afirmou nesta terça-feira em Washington que no próximo dia 26 de junho lançará um novo satélite com destino ao Sol, para explorar uma das regiões mais desconhecidas da estrela, o chamado limbo solar, onde é gerada a maior parte das emissões ultravioleta.

O limbo solar, ou região interface, está localizado entre a superfície visível do Sol e sua atmosfera superior e a Nasa estima que nele se encontram "estruturas" de entre 160 e 240 quilômetros de largura e até 160 mil de comprimento.

"Imaginem jatos gigantes do tamanho da cidade de Los Angeles que são suficientemente longos e rápidos para dar a volta na Terra em 20 segundos. Esta missão nos fornecerá as primeiras imagens em alta resolução destas estruturas, assim como informação sobre sua velocidade, temperatura e densidade", afirmou o pesquisador da Nasa, Alan Title.

A missão que será lançada no final do mês foi batizada como Iris (acrônimo para Espectógrafo de Imagens da Interface Solar) e está equipada com um telescópio ultravioleta criado para fazer imagens em curtos intervalos de segundos.

O satélite Iris foi projetado e construído no centro tecnológico Lockheed Martin de Palo Alto (Califórnia) e será enviado ao espaço a bordo de um foguete Pegasus XL.

Mars Express completa 10 anos do lançamento a Marte


No dia 2 de junho de 2003, os engenheiros e cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) aproveitaram uma janela que ocorre a cada 26 meses para usar a rota mais curta até Marte.

Lançada do cosmódromo de Baikonur, a sonda Mars Express atravessou o espaço entre a Terra e nosso vizinho a 10,8 mil km/h. Foram seis meses de viagem, mesmo aproveitando o "atalho" causado pela aproximação dos dois planetas, para a chegada da primeira sonda europeia na quarta rocha do Sistema Solar.

No sexto dia na órbita marciana, o satélite largou sua companheira: a Beagle 2. O robô deveria pousar em solo marciano e começar a transmitir dados do planeta. Contudo, o equipamento ficou incomunicável. Em 6 de fevereiro de 2004, menos de dois meses depois, foi considerada oficialmente perdida.

Se a sonda em solo foi um fracasso, a em órbita teve um destino inverso. A Mars Express teve missão inicial prevista em 687 dias, ou um ano marciano. Dez anos depois, ela ainda está em funcionamento e deve operar pelo menos até o final de 2014.

O satélite é capaz de monitorar diversos aspectos do planeta vermelho, da superfície à última camada da atmosfera e até as duas luas. Ela teve papel central para as sondas da Nasa que chegaram depois dela. O local de pouso da Curiosity, por exemplo, foi decidido com participação de dados da Mars Express. Além disso, ela monitorou a descida desta sonda americana, em 2012, e da Phoenix, em 2008.

Entre os feitos mais interessantes da sonda, estão indícios da vida vulcânica em Marte. Boa parte de seus vulcões esteve ativa nos últimos milhões de anos, e alguns pequenos montes ainda teriam capacidade de expelir lava. Além disso, ela descobriu certos tipos de minerais que se formam apenas na presença de água, aumentando a gama de dados sobre a presença do líquido em Marte. Por outro lado, os mesmos dados indicam que a superfície do planeta está seca há pelo menos 3,5 bilhões de anos.

Mas se não há líquido, há gelo. As observações do satélite indicam que boa parte do gelo dos pólos marcianos é mesmo água. Além disso, um dos instrumentos determinou a profundidade das camadas congeladas dos extremos marcianos: 3,7 quilômetros no sul e 2 quilômetros no norte. Somente com o gelo do polo sul de Marte, haveria água suficiente para cobrir o planeta inteiro com uma camada de 11 metros de profundidade.


Outra descoberta do equipamento foi uma grande quantidade de metano na atmosfera. A concentração desse gás é muito maior na Terra, contudo, chama a atenção que ele quase totalmente é produzido por meios biológicos (uma pequena fração vem da atividade vulcânica). Os dados levaram a uma discussão entre os cientistas: seria o metano marciano resultado de processos biológicos ou geológicos?

segunda-feira, 3 de junho de 2013

China enviará missão espacial tripulada em junho

A China lançará em meados deste mês uma nave espacial tripulada que se acoplará a um módulo experimental, última etapa da construção de uma estação espacial chinesa permanente, informou nesta segunda-feira a agência de notícias estatal Xinhua.

De acordo com o porta-voz do programa espacial do país, a nave se acoplará ao laboratório espacial Tiangong-1 (Palácio Celestial). Trata-se de uma etapa crucial para a obtenção da estação espacial permanente.

A capacidade espacial da China é inferior à dos EUA e da Rússia, mas o ambicioso programa do país inclui planos de enviar um homem à lua e construir, até 2020, uma estação que gire em torno da Terra, informa um documento oficial.

A China lançou em 2012 a nave espacial Shenzhou IX na missão mais ambiciosa de sua história, com três astronautas, entre eles Liu Yang, a primeira mulher chinesa ao viajar para o espaço.


Pequim realizou seu primeiro voo espacial tripulado em outubro de 2003.