Mars Express completa 10 anos do lançamento a Marte
No dia 2 de junho de 2003, os engenheiros e cientistas da
Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) aproveitaram uma janela que
ocorre a cada 26 meses para usar a rota mais curta até Marte.
Lançada do cosmódromo de Baikonur, a sonda Mars Express
atravessou o espaço entre a Terra e nosso vizinho a 10,8 mil km/h. Foram seis
meses de viagem, mesmo aproveitando o "atalho" causado pela
aproximação dos dois planetas, para a chegada da primeira sonda europeia na
quarta rocha do Sistema Solar.
No sexto dia na órbita marciana, o satélite largou sua
companheira: a Beagle 2. O robô deveria pousar em solo marciano e começar a
transmitir dados do planeta. Contudo, o equipamento ficou incomunicável. Em 6
de fevereiro de 2004, menos de dois meses depois, foi considerada oficialmente
perdida.
Se a sonda em solo foi um fracasso, a em órbita teve um
destino inverso. A Mars Express teve missão inicial prevista em 687 dias, ou um
ano marciano. Dez anos depois, ela ainda está em funcionamento e deve operar
pelo menos até o final de 2014.
O satélite é capaz de monitorar diversos aspectos do planeta
vermelho, da superfície à última camada da atmosfera e até as duas luas. Ela
teve papel central para as sondas da Nasa que chegaram depois dela. O local de
pouso da Curiosity, por exemplo, foi decidido com participação de dados da Mars
Express. Além disso, ela monitorou a descida desta sonda americana, em 2012, e
da Phoenix, em 2008.
Entre os feitos mais interessantes da sonda, estão indícios
da vida vulcânica em Marte. Boa parte de seus vulcões esteve ativa nos últimos
milhões de anos, e alguns pequenos montes ainda teriam capacidade de expelir
lava. Além disso, ela descobriu certos tipos de minerais que se formam apenas
na presença de água, aumentando a gama de dados sobre a presença do líquido em
Marte. Por outro lado, os mesmos dados indicam que a superfície do planeta está
seca há pelo menos 3,5 bilhões de anos.
Mas se não há líquido, há gelo. As observações do satélite
indicam que boa parte do gelo dos pólos marcianos é mesmo água. Além disso, um
dos instrumentos determinou a profundidade das camadas congeladas dos extremos
marcianos: 3,7 quilômetros no sul e 2 quilômetros no norte. Somente com o gelo
do polo sul de Marte, haveria água suficiente para cobrir o planeta inteiro com
uma camada de 11 metros de profundidade.
Outra descoberta do equipamento foi uma grande quantidade de
metano na atmosfera. A concentração desse gás é muito maior na Terra, contudo,
chama a atenção que ele quase totalmente é produzido por meios biológicos (uma
pequena fração vem da atividade vulcânica). Os dados levaram a uma discussão
entre os cientistas: seria o metano marciano resultado de processos biológicos
ou geológicos?
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