quinta-feira, 28 de março de 2013


Manchas solares podem atingir auge dos últimos 11 anos

Em 1859, o Sol entrou em erupção, e na Terra os fios emitiram faíscas que deram choques nos operadores de telégrafo e queimaram seus papéis. Foi a maior tempestade geomagnética registrada na história.

O Sol atirou bilhões de toneladas de elétrons e prótons zunindo em direção à Terra, e quando essas partículas bateram no campo magnético do planeta criaram auroras espetaculares, com tons verdes, vermelhos e púrpura no céu noturno -- juntamente com poderosas correntes elétricas que saíam do chão para os fios, sobrecarregando os circuitos.

Se uma tempestade dessas ocorresse no século 21, alguns satélites de telecomunicações muito acima da Terra seriam inutilizados. Os sinais de GPS se embaralhariam. E as redes elétricas poderiam falhar, mergulhando um continente inteiro na escuridão.

Os cientistas dizem que é impossível prever quando vai acontecer a próxima tempestade solar gigante --e se a Terra estará em seu caminho. O que eles sabem é que com mais manchas solares vêm mais tempestades, e neste outono o Sol deverá atingir o auge de seu ciclo de manchas de 11 anos.

As manchas solares são regiões com campos magnéticos turbulentos onde se originam as labaredas solares. Seus altos e baixos são observados há séculos, mas somente nas últimas décadas os cientistas solares descobriram que os campos magnéticos no interior das manchas podem desencadear os clarões fortes chamados labaredas solares e as erupções gigantescas de partículas carregadas conhecidas como ejeções de massa coronal.

Os especialistas estão divididos sobre as consequências para a Terra de uma erupção solar cataclísmica, conhecida como evento de Carrington, nome do astrônomo britânico que documentou a tempestade de 1859.

Um blecaute continental afetaria muitos milhões de pessoas, "mas é administrável", disse John Moura, da Corporação Norte-Americana de Confiabilidade Elétrica, um grupo sem fins lucrativos fundado por distribuidoras para ajudar a administrar a rede de energia. A maior parte da rede poderia ser religada em cerca de uma semana, ele disse.

Outros são mais pessimistas. Temem que uma erupção enorme e bem dirigida do Sol causaria não apenas o desligamento da iluminação, mas também danificaria os transformadores e outros componentes críticos.

Alguns lugares poderiam ficar sem energia durante meses, e "há possibilidade de escassez crônica durante vários anos", segundo o Conselho Nacional de Pesquisa, o principal grupo de pesquisa científica dos Estados Unidos.

E mesmo que o Sol projete uma grande explosão, como ocorreu em julho passado, há probabilidade de que ela siga inofensivamente em outra direção do sistema solar. Só raramente uma explosão gigante voa diretamente para a Terra.

O exemplo mais claro e estudado da capacidade do Sol de afetar as redes de energia ocorreu em 13 de março de 1989 em Quebec, no Canadá. Nas primeiras horas da manhã, uma tempestade solar gerou correntes nas linhas de transmissão, danificando os interruptores de circuito. Em poucos minutos um blecaute se estendeu pela província. A energia foi restabelecida no mesmo dia. O Canadá foi atingido novamente alguns meses depois, quando outra tempestade solar causou o desligamento de computadores na Bolsa de Toronto.

A organização de Moura divulgou um relatório no ano passado dizendo que as distribuidoras seriam advertidas com tempo suficiente para desligar a rede e proteger os transformadores.

Os perigos não vão desaparecer depois que passar o máximo solar - o período de clima espacial mais pesado. Mesmo quando está calmo, com poucas manchas, o Sol pode produzir uma erupção gigantesca.

As labaredas solares, que viajam na velocidade da luz, chegam à Terra em menos de 8,5 minutos e podem interromper algumas transmissões de rádio. Mas são as ejeções de massa coronária - em que bilhões de toneladas de elétrons e prótons são projetadas e aceleram a mais de 1,5 milhão de quilômetros por hora - que causam maior preocupação.

As partículas ejetadas, que geralmente levam dois ou três dias para percorrer os 150 milhões de quilômetros entre o Sol e a Terra, nunca atingem a superfície: o campo magnético do planeta as desvia.

Mas então elas ficam presas no campo. Seu movimento de um lado para outro gera novos campos magnéticos, a maior parte no lado noturno, e estes, por sua vez, induzem correntes elétricas no solo. Essas correntes brotam do chão para as linhas de transmissão elétrica.

O Sol está disparando em média algumas ejeções de massa coronária por dia, incluindo uma em 15 de março que atingiu diretamente a Terra, gerando auroras pitorescas tão ao sul quanto o Colorado, mas sem causar danos perceptíveis.

As espaçonaves de observação do Sol da Nasa rastreiam as manchas solares e podem dar advertências de quais regiões apresentam probabilidade de erupções.

John Kappenman, um engenheiro elétrico que é dono da Storm Analysis Consultants, tem advertido sobre uma potencial catástrofe. "Em certo sentido, estamos jogando roleta-russa com o Sol", ele disse.

Estrelas azuis se formam em jovem constelação visível da Terra


Um grupo de estrelas recém formadas situado na constelação austral da Vela forma esse salpicado de estrelas azuis brilhantes, em imagem divulgada nesta quarta-feira pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês).

O aglomerado NGC 2547 tem entre 20 e 35 milhões de anos de idade, segundo estimativas de astrônomos - praticamente um bebê, em termos espaciais.

Comparando com o Sol que ainda nem chegou à meia idade e tem 4 bilhões e 600 milhões de anos, corresponde a imaginarmos que se o Sol for uma pessoa de 40 anos de idade, as estrelas brilhantes da imagem são bebês de três meses. Embora o NGC 2547 contenha muitas estrelas quentes que brilham intensamente no azul, um sinal claro da sua juventude, também são visíveis uma ou duas estrelas amarelas ou vermelhas que já evoluíram até se tornarem gigantes vermelhas.

Os aglomerados são objetos chave no estudo da evolução das estrelas ao longo das suas vidas. Os membros de um aglomerado nascem todos a partir do mesmo material e ao mesmo tempo, o que torna mais fácil determinar os efeitos de outras propriedades estelares. Os aglomerados estelares abertos como este têm vidas comparativamente curtas, da ordem das várias centenas de milhões de anos, antes de se desintegrarem à medida que as suas estrelas se afastam.

O aglomerado estelar NGC 2547 situa-se na constelação da Vela, a cerca de 1500 anos-luz de distância da Terra, e é suficientemente brilhante para poder ser visto com binóculos. Foi descoberto em 1751 pelo astrônomo francês Nicolas-Louis de Lacaille, com o auxílio de um pequeno telescópio com menos de dois centímetros de abertura, durante uma expedição astronômica ao Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

Nave privada pousa no pacífico após missão bem-sucedida no espaço


A cápsula Dragon pousou sem problemas no Oceano Pacífico, ao longo do litoral do México, depois de completar com sucesso sua missão na Estação Espacial Internacional (ISS), confirmou a empresa SpaceX.

A nave conclui assim a missão de pouco mais de três semanas na ISS, onde deixou 544 kg de materiais, entre os quais equipamentos destinados a 160 experimentos científicos.

Seu pouso com paraquedas no Oceano Pacífico, diante do litoral mexicano, estava previsto para as 13h36 (de Brasília). A cápsula regressou à Terra com uma carga de 1.210 kg, especialmente com amostras e materiais de pesquisa biológica, biotecnológica e física.

Esta foi a terceira missão comercial da empresa SpaceX (Space Exploration Technologies) para a ISS. A Dragon foi a primeira nave espacial privada a chegar à Estação Espacial, em maio de 2012.

A Nasa aposta na SpaceX e em outras companhias privadas para substituir seu programa de ônibus espaciais, encerrado em julho de 2011, visando abastecer a ISS e transportar astronautas, a partir de 2015.

Estudo conclui que fim dos dinossauros foi causado por cometa


A rocha espacial que atingiu a Terra há 65 milhões de anos e que é tida como a causadora da extinção dos dinossauros foi provavelmente um cometa, concluiu um estudo divulgado por cientistas americanos.

Segundo a pesquisa, a cratera Chicxulub, no México - que tem 180 km de diâmetro - foi criada por um objeto menor do que se imaginava anteriormente.

Muitos cientistas consideram que um asteroide grande e relativamente lento teria sido o responsável.

Os detalhes do estudo, feito por uma equipe do Darthmouth College, universidade no Estado americano de New Hampshire (nordeste do país), foram divulgados na 44ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada no Estado do Texas, no sul dos Estados Unidos.

"O objetivo maior do nosso projeto é caracterizar melhor o que causou o impacto que produziu a cratera na península de Yucatán (no México)", disse Jason Moore, do Dartmouth College, à BBC News.

No entanto, outros pesquisadores ainda são cautelosos a respeito dos resultados da pesquisa.

A colisão da rocha espacial com a Terra criou em todo o planeta uma camada de sedimentos com o elemento químico irídio em concentrações muito mais altas do que ocorre naturalmente.

No entanto, a equipe de pesquisadores sugere que os índices de irídio citados atualmente estão incorretos. Usando uma comparação com outro elemento extraterrestre depositado no impacto - o ósmio - eles conseguiram deduzir que a colisão depositou menos resíduos do que se acreditava.

Os valores recalculados de irídio sugerem que um corpo celeste menor atingiu a Terra. Na segunda parte do trabalho, os pesquisadores tentaram relacionar o novo valor com as propriedades físicas conhecidas da cratera de Chicxulub.

Para que essa rocha espacial menor tenha produzido uma cratera de 180 km de largura, ela deve ter viajado relativamente rápido.

A equipe calculou que um cometa de longo período se ajustava à descrição muito melhor do que outros possíveis candidatos.

"Seria preciso um asteroide de cerca de 5 km de diâmetro para trazer tanto irídio e ósmio. Mas um asteroide desse tamanho não produziria uma cratera de 200 km de diâmetro", disse Moore.

"Como conseguimos algo que tenha energia suficiente para gerar uma cratera daquele tamanho, mas tenha muito menos material rochoso? Isso nos leva aos cometas."

Cometas de longo período são corpos celestes de poeira, rocha e gelo que têm órbitas excêntricas ao redor do Sol. Eles podem levar centenas, milhares e em alguns casos até milhões de anos para completar uma órbita.

O evento que causou a extinção há 65 milhões de anos é associado, hoje em dia, à cratera no México. O acontecimento teria matado cerca de 70% das espécies na Terra em um curto período de tempo, especialmente os dinossauros.

A enorme colisão teria gerado incêndios, terremotos e imensos tsunamis. O gás e a poeira lançados na atmosfera teriam contribuído para a queda das temperaturas globais por muitos anos.

Perda de massa

Gareth Collins, que pesquisa impactos que produzem crateras na Universidade Imperial College London, na região de Londres, disse que a pesquisa da equipe do Dartmouth College é "provocadora".

No entanto, ele disse à BBC que não acha "possível determinar precisamente o tamanho do corpo que causou o impacto apenas com a geoquímica".

"A geoquímica diz - com bastante precisão - somente a massa do material meteorítico que está distribuída globalmente, não a massa total do causador do impacto. Para estimar isso, é preciso saber que fração do corpo celeste estava distribuída na hora do impacto e não foi ejetada para o espaço, nem caiu perto da cratera."

"Os autores (da pesquisa) sugerem que 75% da massa do causador do impacto estava distribuída globalmente, então chegaram a um corpo relativamente pequeno, mas na verdade essa fração pode ser menor do que 20%."

A teoria deixaria a porta a aberta para a hipótese de que um asteroide maior e mais lento, que teria perdido massa antes do impacto com o solo, tenha sido o causador da extinção.

Os pesquisadores americanos aceitam a hipótese, mas citam estudos recentes que sugerem que a perda de massa do corpo celeste no impacto de Chicxulub esteve entre 11% e 25%.

Nos últimos anos, diversos corpos celestes surpreenderam os astrônomos, servindo como lembrança de que nossa vizinhança cósmica continua atribulada.

No dia 15 de fevereiro de 2013, o DA14, um asteroide com volume equivalente ao de uma piscina olímpica, passou de raspão pela Terra a uma distância de somente 27,7 mil km. Ele só havia sido descoberto no ano anterior.

No mesmo dia, uma rocha espacial de 17 metros explodiu nas montanhas Urais, da Rússia, com uma energia equivalente a cerca de 440 quilotoneladas de TNT. Cerca de mil pessoas ficaram feridas quando o choque do impacto explodiu janelas e sacudiu edifícios.

Cerca de 95% dos objetos próximos da Terra com mais de 1 km de diâmetro já foram descobertos. No entanto, somente 10% dos 13 a 20 mil asteroides acima de 140 metros de diametro estão sendo monitorados.

domingo, 24 de março de 2013


Cientistas criam programa que simula impacto de asteroide sobre a Terra


E se um asteroide atingir mesmo a Terra? Provocaria terremotos, tsunamis, radiação, danos irreversíveis? Seria capaz de extinguir a vida no mundo?

Quem tem curiosidade sobre essas questões pode resolver suas dúvidas com um simulador online que calcula o impacto de um corpo celeste em rota de colisão com o nosso planeta. O programa, de fácil utilização, foi desenvolvido por cientistas da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, e está acessível a qualquer internauta.

O Impact: Earth! (em inglês) permite calcular os efeitos da queda de um projétil sobre a Terra. Através do software, o usuário pode definir o diâmetro, densidade, velocidade e ângulo de impacto do corpo celeste, entre outros atributos. Os números definidos vão influenciar o dano total causado pela colisão simulada: incluindo o total de energia dispensada, o tamanho da cratera criada, os efeitos sísmicos e demais alterações na estrutura da Terra em função da queda.​

A ideia surgiu quando o renomado professor H. Jay Melosh decidiu lançar um site interativo contendo informações sobre como determinada colisão afetaria o planeta. Sempre que havia notícias sobre a aproximação de asteroides, o pesquisador percebeu, aumentava o número de pedidos que ele recebia para calcular o possível impacto. A primeira versão, ainda em texto, foi lançada em 2004 e ainda está acessível neste endereço. Apesar de voltado para o público em geral, muitos cientistas utilizam o programa - tanto para lazer quanto para a pesquisa acadêmica.

sábado, 23 de março de 2013


Universo é mais velho do que se pensava


O Universo é um pouco mais velho do que se imaginava e a sua expansão após o Big Bang ocorreu de forma mais lenta do que se pensava, revelam os dados mais recentes do satélite Planck, da Agência Espacial Europeia.

A revisão de números corrigiu a idade do cosmo de 13,7 bilhões para 13,8 bilhões de anos, e sua taxa de crescimento foi reduzida em 3%. Além disso, a energia escura, a forma predominante de tudo o que há no Cosmo, é menos abundante do que se imaginava (veja quadro acima).

O Planck, lançado em 2009, investiga o Universo primordial mapeando flutuações de temperatura que enxerga em diferentes direções no céu. Para isso, capta a radiação cósmica de fundo: a luz emitida pelo Universo apenas 370 mil anos após o Big Bang, mas que ainda permeia o espaço, viajando na forma de micro-ondas.

Apesar de as correções feitas pelas medições do Planck serem pequenas, elas são importantes, afirmaram ontem cientistas em entrevista coletiva em Washington (a missão é europeia, mas tem forte participação da Nasa). Os físicos dizem que o aumento da certeza sobre esses números permitirá a construção de equipamentos mais precisos para investigar os enigmas da cosmologia.

Entre eles estão a energia escura, cuja natureza ainda é desconhecida, e a matéria escura, que exerce gravidade mas não interage com a luz.

"Uma das coisas que o Planck faz bem é determinar parâmetros que precisam ser conhecidos pelos experimentos que tentam explicar como a energia escura e a matéria escura modificam a história de expansão do Universo", disse Martin White, da Universidade da Califórnia em Berkeley, um dos físicos que analisaram os dados.

"Durante anos, os criadores desses experimentos esperaram o Planck para pegar carona no aumento de precisão que ele providenciou."

Minúcias à parte, os dados que o satélite coletou se encaixam bem nas previsões das principais teorias da cosmologia. Os dados confirmam o evento que os cosmólogos batizaram de "inflação": um período de expansão acelerada logo após o Big Bang. Acredita-se que seja ele o responsável por o Universo não ser hoje uma mera nuvem homogênea de matéria, sem galáxias ou planetas.

O novo mapa mostra que a matéria parece estar distribuída aleatoriamente, mas não totalmente a esmo, e sugere que as teorias que tentam explicar a inflação de maneira mais complicada devem ser abandonadas em favor de um modelo mais simples.

Apesar de o panorama revelado pelo Planck ser o de um Universo majoritariamente homogêneo, algumas anomalias têm despertado o interesse dos cientistas.

Uma delas é uma região grande do Cosmo que é mais fria do que outras, representada por uma mancha azul na parte direita do mapa. Outro problema é que uma das metades do mapa concentra mais áreas quentes do que a outra, uma assimetria não prevista pelas teorias.

"Essas coisas já eram conhecidas, mas eram um pouco controversas", afirmou o astrofísico Krzysztof Gorski, do JPL, em referência aos dados do satélite WMAP, que mapeou a radiação cósmica de fundo antes do Planck, mas com menor precisão.

Esse desvios, porém, não invalidam os modelos cosmológicos reinantes, dizem os físicos. Teorias mais precisas precisam ser elaboradas e testadas no futuro para explicar as anomalias.

quinta-feira, 21 de março de 2013


Motores da Apollo 11 são resgatados do Oceano Atlântico após 44 anos


O fundador da Amazon, Jeff Bezos, anunciou na quarta-feira que alcançou seu objetivo de recuperar os motores da Apollo 11, que levou o astronauta Neil Armstrong e sua equipe à Lua e que estavam no oceano Atlântico há mais de 40 anos.


"Encontramos muitas coisas", afirmou Bezos ao pisar em terra após três semanas no mar em sua missão chamada Bezos Expeditions. "Descobrimos um maravilhoso mundo submarino, um incrível jardim de esculturas de motores F-1 entrelaçados que contam a história de um final violento, que serve de prova do programa Apollo", escreveu.

Bezos apontou que sua equipe irá realizar um trabalho de restauração, apesar de os números originais de série dos motores já terem sido apagados, o que complicou a sua identificação.

"Os objetos em si são magníficos. Fotografamos muitos objetos belos no lugar e recuperamos muitas peças de qualidade. Cada peça que trazemos evoca, para mim, milhares de engenheiros que trabalharam de forma conjunta para conseguir o que, naquele momento, se pensava que seria algo impossível", confessou.

Bezos afirma que sua equipe terá componentes principais suficientes para realizar uma exposição dos dois motores de voo F-1 e que a restauração estabilizará o hardware e impedirá uma maior corrosão.

"Queremos que o hardware nos conte sua verdadeira história, incluindo sua reentrada na atmosfera a 8.000 quilômetros por hora e o impacto na superfície do oceano", afirmou.

Ainda não se sabe quando ou onde serão expostos os objetos, mas Bezos pretendia colocá-los no Museu Nacional do Ar e do Espaço Smithsonian de Washington.

Os motores impulsionaram o astronauta Neil Armstrong e sua equipe em uma viagem à Lua, em 1969, e se encontravam submersos nas profundezas do Oceano Atlântico, onde foram encontrados com o uso de sofisticados equipamentos de tecnologia de sonar.

Bezos recorreu a fundos privados para trazer à superfície os motores F-1 que estavam submersos a 4.267 metros de profundidade.​

"Este é um achado histórico e parabenizo a equipe por sua determinação na recuperação destes importantes artefatos de nossos primeiros esforços para enviar seres humanos além da órbita da Terra", afirmou o diretor da agência espacial americana, Charles Bolden, que recebeu a notícia com alegria.

"Esperamos ansiosamente a restauração destes motores por parte da equipe de Bezos e aplaudimos o desejo de Jeff de fazer com que estes artefatos históricos sejam expostos ao público", acrescentou.

Satélite europeu produz mapa mais preciso do início do Universo


Uma imagem divulgada nesta quinta-feira (21) pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostra o mapa mais preciso já feito do início do Universo, com os primeiros vestígios de luz captados após o Big Bang - teoria dominante que explica a origem do Cosmos.


Nessa época, o Universo tinha "apenas" 380 mil anos de idade - hoje, calcula-se que tenha cerca de 13,7 bilhões de anos.

A imagem acima se baseia em uma coleta de dados feita ao longo de 15 meses e meio pelo telescópio Planck da ESA, lançado em 2009 em busca da primeira luz emitida após o Big Bang.
Esse registro mais detalhado já criado da chamada "radiação cósmica de fundo em micro-ondas" é um dos mais fortes indícios da existência da "Grande Explosão" e carrega as "sementes" de todas as estrelas e galáxias conhecidas.

A temperatura na ocasião chegava a 3.000° C. Antes disso, o Universo era tão quente que nenhuma luz poderia sair dele. O telescópio capturou, então, o "fóssil" do primeiro fóton (partícula elementar da luz) que surgiu no Cosmos e viajou por mais de 13 bilhões de anos para chegar até nós. Essa radiação hoje é extremamente fria, com cerca de -273° C (próximo do zero absoluto), e invisível " mas pôde ser detectada pelas ondas de rádio do Planck.

Segundo os astrônomos, esses resquícios revelam a existência de traços que podem desafiar as bases da nossa atual compreensão do Universo e levar a um melhor entendimento da "receita cósmica" que o compõe.

"Ousamos olhar o Big Bang de perto, o que permitiu compreender a formação do Universo 20 vezes melhor que antes", disse à agência AFP o diretor geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, ao apresentar os primeiros resultados do Planck em Paris.

Com exceção de algumas anomalias encontradas - com as quais, segundo Dordain, os teóricos devem trabalhar durante semanas ", os dados do Planck reforçam de maneira "espetacular" a hipótese de um modelo de Universo relativamente simples, plano e em expansão.

Na opinião do astrofísico George Efstathiou, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o mapa parece uma bola de rúgbi danificada ou uma obra de arte moderna. "Mas posso garantir que alguns cientistas trocariam seus filhos por essa imagem", brincou.

Para ter precisão absoluta e eliminar todos os sinais de interferência emitidos pela Via Láctea e por outras galáxias, o telescópio Planck conta com um instrumento de alta frequência que deve ser resfriado a um décimo de grau acima do zero absoluto.

"Essa façanha tecnológica, feita em um ambiente sem gravidade e no vácuo, não tem equivalente, e nenhum equipamento espacial poderá ultrapassá-lo por um longo tempo", disse Dordain.

Sonda Voyager está no "helioabismo", dizem cientistas


A sonda Voyager 1, lançada em 1977 para explorar os planetas mais distantes, entrou em uma nova região no seu caminho para fora do Sistema Solar, disseram cientistas nesta quarta-feira.


A sonda, que está agora a mais de 18 bilhões de quilômetros, detectou duas mudanças claras e relacionadas no seu ambiente em 25 de agosto de 2012, escreveram os cientistas em um trabalho a ser publicado na revista Geophysical Research Letters.

As mudanças dizem respeito aos níveis de dois tipos de radiação: uma que permanece dentro do Sistema Solar e outra que vem do espaço interestelar. O número de partículas dentro da bolha do Sistema Solar no espaço, uma região chamada de heliosfera, diminuiu a menos de 1% dos níveis anteriormente detectados, ao passo que a radiação de fontes interestelares mais do que dobrou, segundo o astrônomo Bill Webber, professor emérito da Universidade Estadual do Novo México, em Las Cruces, e principal autor do estudo.

No entanto, os cientistas ainda não arriscam dizer que a Voyager já esteja no espaço interestelar. A sonda, lançada do Cabo Canaveral em 5 de setembro de 1977, pode estar agora em uma região limítrofe antes desconhecida, entre a heliosfera e o espaço interestelar. Webber se refere a essa área como "helioabismo". "Está fora da heliosfera normal", disse ele em nota. "Tudo o que estamos mensurando é diferente e interessante."

Em dezembro, cientistas disseram que a Voyager havia chegado a uma "rodovia magnética" em que as linhas do campo magnético do Sol se ligam às linhas do campo magnético do espaço interestelar.

"Acreditamos que essa seja a última perna da nossa viagem até o espaço interestelar", disse na época o cientista Edward Stone, envolvido no projeto da Voyager. "Nossa aposta é de que faltam provavelmente entre alguns meses e um par de anos."

Em nota nesta quarta-feira, Stone disse que são necessários outros indícios de que a Voyager tenha saído do Sistema Solar, pois há um consenso de que isso ainda não aconteceu. "Uma mudança na direção do campo magnético é o último indicador crítico de chegada ao espaço interestelar, e essa mudança de direção ainda não foi observada", disse ele.

A Voyager 1 e a sonda-irmã Voyager 2 foram lançadas com 16 dias de diferença, em 1977, para passarem ao largo de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A Voyager 2 viaja em outro caminho, também rumo aos limites do Sistema Solar, e se acredita que ainda não tenha atingido a "rodovia magnética" que leva ao espaço interestelar.

quarta-feira, 20 de março de 2013


"Rezem", diz diretor da Nasa sobre aproximação de asteroides


O diretor da Nasa, Charles Bolden, tem um conselho sobre o que fazer se um grande asteroide estiver a caminho da Terra: rezar.

Isso é praticamente tudo o que se poderia fazer neste momento se asteroides ou meteoros desconhecidos estivessem em rota de colisão com o planeta, afirmou ele a legisladores na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

A projeção fatalista ocorre enquanto a Nasa pede que o governo americano financie programas para detecção e desvio de objetos celestiais próximos da Terra.

Ameaças vindas do espaço costumam ser objetos da ficção científica - em filmes como Armageddon e Impacto Profundo -, porém membros do Congresso americano abordaram o assunto depois que um meteorito caiu sobre a Rússia em 15 de fevereiro e um asteroide passou muito próximo do planeta no mesmo dia. Preocupados com esses fenômenos, os políticos convidaram o diretor da Nasa para falar sobre o programa espacial e como se pode prevenir que a Terra seja atingida por corpos celestes.

Os legisladores não gostaram do que ouviram. O representante republicano Lamar Smith afirmou aos participantes, mais de uma vez, que o relatório "não era tranquilizador". Deputados governistas e da oposição, porém, se mostraram receptivos à ideia de colocar mais recursos no esforço de conter ameaças cósmicas, conforme solicitado por Charles Bolden.

O consultor científico da Casa Branca, John Holdren, observou que o financiamento anual dedicado ao catálogo de asteroides potencialmente perigosos subiu de US$ 5 milhões para mais de US$ 20 milhões nos últimos dois anos. Mesmo assim, o administrador da Nasa estimou que o trabalho de identificação de 90% dos objetos celestiais próximos da Terra entre 140 metros e 1 quilômetro de largura, como demandado pelo Congresso, deve demorar até 2030.

Sonda Voyager é o primeiro objeto humano a deixar o Sistema Solar
 

Pela primeira vez, um objeto fabricado pelo homem atingiu o abismo cósmico além dos confins do nosso Sistema Solar. A sonda espacial americana Voyager 1 é o primeiro veículo a iniciar a jornada pelo espaço profundo.


Lançada da Terra em 1º de setembro de 1977, a missão vinha percorrendo as bordas da heliosfera mais rapidamente do que qualquer outro objeto fabricado pelo homem até hoje.

A descoberta científica será publicada na revista especializada Geophysical Research Letters. No entanto, a Nasa (agência espacial americana) permanece cética quanto a essa conclusão. "O consenso entre a equipe da missão é que a Voyager ainda não deixou o Sistema Solar", afirmou um especialista da Nasa à Time, por e-mail. A instituição deve lançar um comunicado em breve a esse respeito.

As duas sondas Voyager lançadas em 1977, com um mês de intervalo, seguem em bom estado e funcionando. A Voyager 1 já percorreu 18 bilhões de quilômetros desde e a Terra, e a Voyager 2 está atualmente a 15 bilhões de quilômetros do Sol. O programa de exploração Voyager tinha por objetivo estudar planetas do sistema solar. As duas sondas passaram por Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, incluindo 48 luas.

Os dados obtidos pelos nove instrumentos a bordo de cada uma das sondas fizeram desta missão a mais bem sucedida da história da exploração do sistema solar. As Voyagers revelaram numerosos detalhes dos anéis de Saturno e permitiram descobrir os anéis de Júpiter. Também transmitiram as primeiras imagens precisas dos anéis de Urano e de Netuno, descobriram 33 novas luas e revelaram atividade vulcânica em Io, além da estranha estrutura de duas luas de Júpiter.

Galáxia próxima da Via Láctea registra supernova 'sumindo'


Os astrônomos que estudam o resultado de uma supernova muito brilhante na galáxia espiral NGC 1637 - relativamente próxima da Via Láctea - divulgaram nesta quarta-feira uma imagem do fenômeno.


A galáxia, situada a cerca de 35 milhões de anos-luz da Terra, na constelação do Rio Erídano, teve sua aparência serena perturbada pelo aparecimento da supernova - a morte ofuscante de estrelas, que pode brilhar mais intensamente do que a radiação combinada de bilhões de estrelas nas suas galáxias hospedeiras.

Com o auxílio do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO), astrônomos obtiveram muitas fotografias de uma nova supernova na galáxia espiral NGC 1637, relatada pela primeira vez em 1999 pelo Observatório Lick na Califórnia. Depois da sua explosão, o brilho da supernova tem sido cuidadosamente monitorizado pelos cientistas, que observam o seu declínio relativamente lento ao longo dos anos.

A estrutura em espiral aparece na imagem de forma muito distinta, com traços azulados de estrelas jovens, nuvens de gás brilhante e camadas de poeira obscurante. Embora pareça um objeto relativamente simétrico, possui algumas particularidades interessantes. É um tipo de galáxia a que os astrônomos chamam espiral irregular: o braço em espiral mais aberto, em cima e à esquerda, estende-se em torno do núcleo muito mais longe do que o braço mais compacto e curto, em baixo e à direita, que parece ter sido dramaticamente cortado ao meio.

Espalhadas por toda a imagem, podemos ver estrelas mais próximas e galáxias mais distantes que, por acaso, se encontram na mesma direção no céu.

Robô Curiosity volta a funcionar em Marte


O robô americano Curiosity voltou a funcionar normalmente sobre a superfície de Marte, após dois dias de inatividade como medida de precaução por uma falha no sistema informático, e retomará suas tarefas científicas em breve, anunciou nesta terça-feira a Nasa - a agência espacial americana.

Os engenheiros diagnosticaram um problema no software que deteve o sistema de funcionamento do Curiosity no dia 16 de março e afirmam saber como evitar que este erro se reproduza, garantiu a agência espacial em um comunicado.

O robô já teve um problema com a memória de um de seus computadores no dia 28 de fevereiro, o que ativou seu computador de emergência.

"Calculamos que retomaremos as análises de amostras de rochas até o final da semana", afirmou Jennifer Trosper, uma das responsáveis da missão Curiosity no laboratório da Nasa em Pasadena, na Califórnia.

A Nasa deve realizar alguns testesantes de reativar as atividades do robô em solo marciano.

Os engenheiros da missão estão preparando ainda um dispositivo especial para transmitir as ordens ao Curiosity durante grande parte de abril, quando Marte passar por trás do Sol com relação à Terra, um mecanismo de precaução para evitar interferências solares.

O robô já cumpriu seu principal objetivo, depois que a NASA anunciou no dia 12 de março que análises minerais do interior de uma rocha demonstraram que Marte pode ter abrigado vida microbiana no passado.

O Curiosity, que tem seis rodas, é o robô mais sofisticado enviado até agora a outro planeta, com dez instrumentos científicos a bordo.

Em agosto de 2012, o robô pousou sobre a cratera de Gale para uma missão de exploração de ao menos dois anos.

Blog cria petição pública para missão espacial brasileira


O blog Brazilian Space criou uma petição pública exigindo do governo federal o estabelecimento de uma missão de lançamento do microssatélite ITASAT, desenvolvido pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), através do foguete VLM-1, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) em parceria com a Agência Espacial Alemã (DLR).

Segundo informações levantadas pelo blog, tanto o foguete como o satélite estarão prontos para lançamento até o final de 2014, mas, devido a situação atual do Programa Espacial Brasileiro (PEB), por falta de interesse do governo, o objetivo de lançá-los pode não ser alcançado.

Pensando na possibilidade de esforço em vão do profissionais do PEB e na importância do desenvolvimento desta tecnologia para o futuro da nossa sociedade, o autor do blog, Duda Falcão, teve a ideia de criar esta campanha na tentativa de chamar a atenção do governo para a questão.

O texto da petição sugere o dia 7 de Setembro (dia da Independência do Brasil) de 2015 para o lançamento da missão, que seria um prazo suficiente para a finalização dos projetos e preparação para o lançamento.


Rover Curiosity descobre tendência em presença de água em Marte
 

O rover Curiosity observou evidências de minerais contendo água em rochas perto de onde já tinha encontrado minerais argilosos dentro de uma rocha perfurada.


Na semana passada, a equipe científica do rover anunciou que a análise da amostra recolhida de uma perfuração rochosa em Marte indicava condições ambientais passadas favoráveis para a vida microbiana.

Os resultados apresentados ontem (18 de Março) numa conferência de imprensa sugerem que estas condições se estendem além do local de perfuração.

Usando a capacidade do rover para obter imagens infravermelhas e um instrumento que dispara neutrons no chão em busca de hidrogênio, os pesquisadores encontraram mais hidratação nos minerais perto da rocha argilosa do que em locais que o Curiosity já tinha visitado.

O instrumento Mastcam (a câmara no mastro do rover) também pode servir como uma ferramenta de detecção mineral e de hidratação, informa Jim Bell da Universidade Estatal do Arizona em Tempe, EUA. "Algumas rochas portadoras de ferro e minerais podem ser detectadas e mapeadas usando os filtros próximo do infravermelho do Mastcam."

Os coeficientes de brilho em diferentes comprimentos de onda próximo do infravermelho podem indicar a presença de alguns minerais hidratados. A técnica foi utilizada para verificar rochas na área de "Yellowknife Bay" onde o Curiosity perfurou no mês passado, recolhendo a primeira amostra do interior de uma rocha em Marte. Algumas rochas em Yellowknife Bay são atravessadas por veias brilhantes.

"Com o Mastcam, vemos sinais elevados de hidratação nas veias estreitas que cortam muitas das rochas nesta área," afirma Melissa Rica do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Estas veias brilhantes contêm minerais hidratados, que são diferentes dos minerais de argila na matriz de rocha circundante."

O instrumento russo DAN (Dynamic Albedo of Neutrons) a bordo do Curiosity detecta hidrogênio por baixo do rover. Na área de estudo do rover em Marte, o hidrogênio detectado é constituído principalmente por moléculas de água ligadas aos minerais. "Nós definitivamente vemos uma variação de sinal ao longo do percurso entre o local de aterragem e Yellowknife Bay," afirma Maxim Litvak, vice-investigador principal do DAN, do Instituto de Pesquisas Espaciais em Moscovo. "Foi detectada mais água em Yellowknife Bay do que em locais anteriores do percurso. Mesmo dentro de Yellowknife Bay, vemos uma variação significativa."

As constatações apresentadas ontem do instrumento APXS (Alpha Particle X-ray Spectrometer), no braço robótico do Curiosity, indicam que os processos ambientais molhados, que produziram as argilas em Yellowknife Bay, fizeram-no sem muitas mudanças na mistura global de elementos químicos presentes. A composição do afloramento perfurado coincide com a composição do basalto. Por exemplo, tem proporções basálticas de silício, alumínio, magnésio e ferro. O basalto é o tipo de rocha mais comum em Marte. É ígneo, mas também se pensa que seja o material de origem para as rochas sedimentares que o Curiosity já examinou.

"A composição elementar das rochas em Yellowknife Bay não foi muito alterada pela modificação de minerais," afirma Mariek Shmidt, membro da equipe científica do Curiosity na Universidade Brock, em Saint Catharines, Ontário, Canadá.

Um revestimento de poeira nas rochas não tinha feito a composição detectada pelo APXS coincidir com o basalto até que o Curiosity raspou a camada de pó. Após isso, o APXS viu menos enxofre.

"Ao remover a poeira, tivemos uma melhor leitura que empurra a classificação para a composição basáltica," afirma Schmidt. As rochas sedimentares em Yellowknife Bay foram provavelmente formadas quando as rochas basálticas originais foram fragmentadas, transportadas e re-depositadas como partículas sedimentares, e mineralogicamente alteradas por exposição à água.

Sem verba, projeto brasileiro de levar sonda a asteroide segue na prancheta


Pesquisadores de diversas universidades brasileiras estão debruçados sobre uma ideia ousada: pousar uma sonda em um asteroide próximo da Terra (NEA, de Near-Earth asteroids, em inglês).

A tarefa não é simples: apenas três missões coletaram dados de asteroides antes - e nenhuma de um corpo de sistema triplo*, como é o caso do alvo, 2001 SN263. Embora a perspectiva anime os cientistas, um grande entrave, velho conhecido da exploração espacial, ainda atrapalha o início da missão Aster: o dinheiro.

O professor e pesquisador Othon Winter, da Universidade Estadual Paulista, responsável pela parte científica do projeto, estima o custo total em US$ 40 milhões. O montante representa o custo de desenvolvimento de tecnologias e componentes brasileiros e o de compra de estruturas da Rússia. O valor seria suficiente para lançar a sonda, pousá-la dois anos depois no maior asteroide do sistema 2001 SN263, de 2,8 km de diâmetro, estudá-lo e buscar não apenas um feito inédito, mas conhecimentos substanciais para a área espacial.

Tecnologias


É esse conhecimento que move a missão, segundo o professor e pesquisador Antonio Gil Vicente de Brum, responsável pela equipe que desenvolve o altímetro laser na Universidade Federal do ABC (SP). "Muitas tecnologias acabam sendo incorporadas no dia a dia, como é o caso de equipamentos utilizados nas telecomunicações e da navegação por satélite (GPS). Em termos científicos, nunca antes um asteroide triplo foi estudado de perto e esta é, portanto, uma oportunidade única de o Brasil contribuir para a ciência mundial com conhecimento original", afirma.

Brum elenca dois objetivos principais para o projeto: ajudar a compreender o início do sistema solar (por conseguinte, da Terra) e aprender mais a respeito de corpos celestes que se aproximam da órbita do nosso planeta e ameaçam populações terrestres. Além disso, segundo ele, asteroides devem atrair ainda mais a atenção no futuro, já que poderão ser explorados por suas riquezas minerais.

A iniciativa ainda tem como objetivo atrair a atenção dos jovens no País para a pesquisa científica. "Para o Brasil, esta é uma oportunidade sem precedentes de reunir praticamente toda a comunidade científica em torno de um projeto de grande apelo público. Está aí um meio de incentivar nossos jovens em carreiras científicas e de engenharia, áreas para as quais hoje o jovem não se sente atraído por causa da característica do Brasil de comprar tecnologia em vez de produzi-la. Achamos que o projeto pode alavancar a ciência e tecnologia no País de uma maneira nunca antes alcançada", afirma.

A espera


Como o Brasil não tem um Veículo Lançador de Satélites (VLS) em pleno funcionamento, teria que recorrer à Rússia para lançar a sonda. Esse seria um dos maiores custos. "É como se planejássemos uma expedição para escalar uma montanha com moderno equipamento de alpinismo (cordas, GPS etc), mas não tivéssemos um veículo (um simples jipe) para chegar até a montanha. Precisaremos de uma carona", compara Naelton Mendes de Araújo, astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. "Pode parecer 'colocar o cavalo à frente da carroça', mas é bem melhor do que ficar esperando indefinidamente o nosso VLS ficar operacional".

Mas a espera pelo projeto Aster também é grande. Faz quase cinco anos que a missão foi concebida originalmente pelos pesquisadores Elbert Macau (LAC-Inpe) e Othon Winter (Unesp), em 2008. Desde então, diversas universidades abraçaram a história, componentes foram desenhados e até a parceria com a Rússia, definida.

Parceria


A escolha pela Rússia se deu após a análise da viabilidade da ideia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na comparação de custos com a Agência Espacial Americana (Nasa) e a Agência Espacial Europeia (ESA), a agência russa (Roscosmos) levou a melhor. Assim, em 2010, o então diretor associado de espaço e ambiente do Inpe, Haroldo de Campos Velho, reuniu-se com representantes do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia Russa de Ciências e outras instituições para discutir a possibilidade de uma parceria estratégica, em reuniões realizadas em Moscou e em São José dos Campos (SP). Os números delineados poderiam viabilizar o projeto, segundo Campos.

O financiamento


De acordo com Campos, o projeto foi bem recebido pela Agência Espacial Brasileira, mas reestruturações no comando da AEB e do Inpe teriam atrasado o início da implementação. "Para tornar todo o processo mais confortável, a AEB enviou uma carta ao diretor do Inpe (Leonel Perondi), manifestando o interesse na missão. Com a resposta do Inpe, iniciar-se-ão as ações para o desenvolvimento (financiamento) da missão. Não há uma proposta pronta, mas a intenção é solicitar recursos inclusive para agências de fomento (CNPq, Finep) e órgãos regionais", explica.

Em janeiro deste ano, a AEB lançou o novo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que contempla todas as ações do programa espacial entre 2012 e 2021. Nele, porém, não se encontra menção ao projeto Aster nem alocação de recursos para a missão. "A AEB vê com simpatia esse projeto, mas ele é do Inpe. A gente não quer se intrometer nas questões internas do Inpe. A missão Aster implica em um orçamento que não existe hoje. A missão Aster é muito importante. Qualquer um que entenda do assunto sabe disso, mas a questão mais importante hoje é saber quem é que vai pagar por isso", avalia José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB.

Em 2013, o investimento de recursos próprios da AEB será de R$ 622,6 milhões, segundo o PNAE. Conforme Monserrat, contudo, o Inpe terá que buscar outras formas de financiamento: "Neste momento, o governo brasileiro não tem condições de manter este projeto. Não há dinheiro disponível. Ninguém é contra. Ninguém quer criar obstáculos. A ideia é, através do Inpe, buscar apoio financeiro na iniciativa privada, e pública também, como a Petrobras. Seria ótimo se a Petrobras pudesse financiar esse projeto, por exemplo. Sem verba, não tem nada aprovado. A base de apoio financeiro não existe".

Mesmo assim, Winter acredita em um desfecho positivo: "Os projetos científicos já estão sendo desenvolvidos, o propulsor etc. Mas são projetos. Colocar tudo isso em ação, só depois da aprovação oficial". O cronograma inicial previa o lançamento da sonda em 2015. Depois, 2016, 2017. Atualmente, Campos afirma: "Estamos trabalhando para que o lançamento ocorra em 2018". Por enquanto, a missão Aster não sai do papel.

Soyuz TMA-06M, com 3 tripulantes, aterrissa no Cazaquistão


O módulo de pouso da nave russa Soyuz TMA-06M, com três tripulantes a bordo, aterrissou com segurança na madrugada deste sábado nas estepes do Cazaquistão, informou o Centro do Controle de Voos (CCVE) da Rússia.

A cápsula, que trouxe de volta da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) os cosmonautas russos Yevgueni Tarelkin e Oleg Novitski e o astronauta americano Kevin Ford, tocou a terra à 0h06 de Brasília.

O retorno da Soyuz TMA-06M, inicialmente programado para sexta-feira, foi adiado em 24 horas devido às más condições do tempo.

Segundo o CCVE, os tripulantes da Soyuz suportaram perfeitamente o retorno à Terra.

O módulo de pouso aterrissou em uma zona próxima à prevista, ao norte de Arkalyk, cidade de 30 mil habitantes situada no centro do Cazaquistão.

Tarelkin, Novitski e Ford estiveram quase cinco meses a bordo da plataforma orbital, na qual permanecem outros três tripulantes: o astronauta canadense Christopher Hadfield, que ficou no comando da ISS, o russo Roman Romanenko e o americano Thomas Marshburn.

Depois que as naves americanas foram aposentadas, em 2011, as russas Soyuz são os únicos veículos usados para a substituição das tripulações da ISS.

Inicialmente, a plataforma orbital deveria fechar suas portas em 2015, mas a Rússia e os outros 15 países-membros insistiram na importância de prolongar sua vida útil, em grande parte porque sua construção ainda não foi completada.

Além da Rússia, Estados Unidos, 12 países da União Europeia (UE), Japão e Canadá participam do projeto, com um custo de US$ 100 bilhões.

domingo, 17 de março de 2013


Cientistas acham conjunto planetário jovem, mas com planetas gigantes
 

Cientistas fizeram, literalmente, uma grande descoberta. Eles localizaram, orbitando uma estrela a 130 anos-luz de distância, quatro planetas gigantes, maiores do que qualquer um dos existentes no nosso Sistema Solar.


E mais: o sistema é relativamente novo em termos cósmicos - tem 30 milhões de anos - e ainda tem grandes discos de poeira, além de asteroides e cometas.

Os planetas circundam a estrela HR 8799, um astro que tem cerca 1,5 vez o tamanho do Sol e é cinco vezes mais brilhante do que ele.

Ao contrário da maioria dos exoplanetas - planetas fora do Sistema Solar -, a descoberta desse sistema não foi feita de maneira indireta, pela análise de dados da estrela e de outros fatores. Os planetões foram diretamente vistos usando os telescópios Gemini e Keck, no Havaí.

O planeta HR 8799e, o mais interno dos achados, tem aproximadamente nove vezes a massa de Júpiter - o maior do nosso Sistema Solar. Ele está 14,5 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra está do Sol.

Já o planeta HR 8799d é ainda maior, com dez vezes a massa de Júpiter. Ele leva cerca de cem dias da Terra para orbitar sua estrela.

Também com dez vezes a massa de Júpiter, o HR 8799c teve alguns detalhes da atmosfera revelados. Ao estudarem a luz refletida pelo planeta, os cientistas identificaram que sua atmosfera tem água e carbono.

O planeta mais externo do grupo, HR 8799b, tem cerca de sete vezes a massa de Júpiter. Ele está 68 vezes mais longe da estrela do que a Terra está do Sol.

Apesar das fortes evidências, os planetas ainda são considerados candidatos. Ainda é preciso que a descoberta seja confirmada por outros cientistas para bater o martelo quanto à existência e as características desses planetões.

Tempo ruim adia retorno à Terra de três astronautas da ISS


O retorno à Terra de três astronautas - dois russos e um americano - da Estação Espacial Internacional (ISS) foi adiado nesta sexta-feira em consequência das condições meteorológicas ruins na área de pouso no Cazaquistão, anunciou a agência espacial russa.

O retorno foi adiado para sábado por uma tempestade de neve pelo gelo, que prejudicariam a viagem dos helicópteros enviados às pistas de pouso dos foguetes Soyuz.

Os russos Oleg Novitskiy e Evgeny Tarelkin, além do americano Kevin Ford, deveriam pousar no Cazaquistão no início da manhã de sexta-feira.

quinta-feira, 14 de março de 2013


Telescópio mostra galáxias distantes com formação estelar intensa


A formação estelar mais intensa no cosmos ocorreu muito mais cedo do que o que se supunha anteriormente. Essa é conclusão do Observatório Europeu do Sul (ESO), após observações feitas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA).


Este trabalho é o exemplo mais recente das descobertas que estão sendo feitas pelo novo observatório internacional que está sendo inaugurado hoje.

Os resultados do estudo estão publicados numa série de artigos científicos que sairão na revista Nature e na revista especializada Astrophysical Journal.

Acredita-se que os episódios de formações estelares mais intensos ocorreram no universo primordial, em galáxias brilhantes de grande massa com formação estelar explosiva convertem enormes reservatórios de gás e poeira cósmica em novas estrelas a uma taxa impressionante. Ao olhar para longe no espaço, para galáxias tão distantes que a sua luz demorou muitos bilhões de anos para chegar até nós, os astrônomos conseguem observar esta fase bem atarefada do universo jovem.

"Quanto mais distante estiver uma galáxia, mais longe no tempo a estamos vendo, por isso ao medir distâncias podemos reconstruir a linha cronológica de quão vigorosa é a formação estelar no universo nas diferentes épocas da sua história de 13,7 bilhões de anos", disse Joaquin Vieira, do California Institute of Technology, que liderou a equipe e é também o autor principal do artigo na revista Nature.

A equipe internacional de pesquisadores descobriu inicialmente estas distantes e enigmáticas galáxias com formação estelar explosiva, utilizando o South Pole Telescope (SPT) de 10 metros, da Fundação Científica Nacional dos EUA, e em seguida o ALMA foi utilizado para observar as galáxias com mais detalhes e explorar a formação estelar no universo primordial.
Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que muitas destas galáxias longínquas e poeirentas que formam estrelas, se encontram ainda mais longe do que o esperado, o que significa que, em média, os episódios de formação estelar intensa ocorreram há 12 bilhões de anos atrás, quando o universo tinha menos de 2 bilhões de anos - um bilhão de anos mais cedo do que o que se pensava anteriormente.

Duas destas galáxias são as mais distantes deste tipo já observadas - estão tão distantes que a sua luz começou a sua viagem quando o Universo tinha apenas um bilhão de anos. Mais ainda, numa destas galáxias recorde, detectou-se água entre as moléculas observadas, o que marca as observações de água mais distantes no cosmos publicadas até hoje.

"A sensibilidade do ALMA e a observação em largos intervalos de comprimentos de onda que o telescópio permite, significam que podemos medir cada galáxia em apenas alguns minutos - cerca de cem vezes mais depressa do que antes", disse Axel Weiss (Max-Planck-Institut für Radioastronomie, Bona, Alemanha), que liderou o trabalho da medição das distâncias às galáxias. "Anteriormente, uma medição como esta teria sido um laborioso processo de combinar dados, tanto de telescópios ópticos como de rádio telescópios".

Na maioria dos casos, as observações ALMA foram suficientes para determinar as distâncias, no entanto, para algumas das galáxias a equipe combinou os dados com medições obtidas com outros telescópios, incluindo o Atacama Pathfinder Experiment (APEX) e o Very Large Telescope do ESO.

"Estas belas imagens obtidas com o ALMA mostram as galáxias de fundo distorcidas em arcos múltiplos de luz, conhecidos como anéis de Einstein, que rodeiam as galáxias mais próximas", disse Yashar Hezaveh, que liderou o estudo das lentes gravitacionais. "Estamos utilizando a enorme quantidade de matéria escura que rodeia as galáxias no meio do caminho como um telescópio cósmico, para fazer com que galáxias ainda mais distantes pareçam maiores e mais brilhantes", completou.

A análise da distorção revela que algumas das galáxias longínquas com formação estelar intensa apresentam um brilho equivalente a 40 trilhões de sóis, sendo que as lentes gravitacionais amplificaram até 22 vezes este valor.

quarta-feira, 13 de março de 2013


Mega observatório é inaugurado a 5 mil metros de altitude nos Andes


Foi inaugurado nesta quarta-feira (13) um novo observatório astronômico sobre o longínquo platô de Chajnantor, a 5 mil metros de altitude, na Cordilheira dos Andes chilena.


Batizado de Alma (sigla em que significa "grande conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama ) o projeto é resultado de quase três décadas de planejamento, discussões e negociações. A um custo de US$ 1,4 bilhão, é o maior projeto astronômico já executado em terra " em volume de investimento, só perde para telescópios que funcionam no espaço. Ao todo, são 20 os países envolvidos, entre eles o Brasil, em menor proporção (veja a situação brasileira abaixo, e o Chile, que oferece seu território como sede do empreendimento.

O Alma consiste num conjunto de 66 antenas (atualmente 57 já estão operando ou estão no local, prontas para operar, sendo que as 9 restantes devem estar funcionando ainda este ano) que captam ondas emitidas por corpos frios em lugares muito longínquos do universo, com as quais se espera obter novas informações sobre a origem de estrelas e planetas, bem como sobre a presença de partículas orgânicas em lugares a bilhões de anos-luz da Terra.

As antenas instaladas no alto da cordilheira, em local próximo a San Pedro de Atacama, no Chile, podem ser deslocadas numa área com raio de 16 km sobre o platô de ar rarefeito. Elas captam ondas de tamanho milimétrico e submilimétrico, em frequências invisíveis ao olho humano " o sistema, portanto não é ótico. "O Alma sintetiza um telescópio de 16 quilômetros, o que seria impossível construir", explica Thijs de Graauw, diretor do projeto.

A grande aposta desse enorme complexo é que as antenas, que podem ser mudadas de lugar, combinam de forma sincronizada as informações que capturam, funcionando como um imenso espelho do espaço.

Há dois modos principais de funcionamento desse conjunto. As antenas podem ficar espalhadas pelo terreno, com maior distância entre si, quando o objetivo é focar num ponto mais específico do espaço e analisá-lo de forma detalhada, ou também é possível agrupá-las todas numa área central, com o que se tornam uma poderosa ferramenta para produzir imagens amplas do céu.

A mudança de configuração é feita por um supercaminhão transportador com 28 rodas, capaz de percorrer o terreno acidentado do platô andino carregando as antenas, que pesam dezenas de toneladas.

Além da logística arrojada e do supercomputador que junta as informações, cada antena do observatório também consiste em um complexo artefato tecnológico. Para receber com mais pureza o sinal dos objetos interestelares, alguns dos equipamentos são resfriados a 4 Kelvin (-269° C).

A localização do Alma, em território chileno, perto das fronteiras da Bolívia e da Argentina, é estratégica: o ar rarefeito da grande altitude fazem com que a interferência da umidade da atmosfera seja menor.

Sistemas de correção anulam eventuais desvios nas imagens que o ar ainda possa causar.

Os sinais captados pelas antenas são remetidos a um supercomputador, um dos mais rápidos que existem no mundo atualmente, que junta as informações e as remete a um centro de operações que fica 2 mil metros montanha abaixo.

O Alma foi criado numa parceria entre o ESO (Observatório Europeu do Sul), o NAOJ (Observatório Astronômico Nacional do Japão) e o NRAO (Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA).

Em 2010, o Brasil assinou sua entrada como membro do ESO e, portanto, também é "sócio" do Alma. No entanto, sua condição de membro ainda depende de ratificação do Congresso Nacional. Ao ratificar sua entrada, o país passará a contribuir financeiramente com o ESO e empresas brasileiras poderão fornecer produtos e serviços ao Alma e a outros observatórios.

Apesar de não ser um integrante efetivo do grupo, no entanto, cientistas brasileiros já podem propor observações no novo observatório inaugurado nesta quarta. Esses pedidos, assim como os de astrônomos de outros países, passam pela análise de um corpo técnico para avaliar sua relevância. Toda a informação produzida no Alma é disponibilizada gratuitamente à comunidade científica após um ano.

Dois cometas estão visíveis no hemisfério Sul


Em um evento raro, dois cometas - Lemmon e Pan-STARRs - estão cruzando o céu da Terra e podem ser observados com relativa facilidade ao mesmo tempo a partir do hemisfério Sul. O mais fácil de ser localizado é o cometa Pan-STARRs, que está visível a olho nu até domingo.


Para enxergá-lo, porém, e preciso começar a observação logo após o pôr-do-Sol.

Para encontrá-lo, deve-se olhar para o oeste, onde o Sol se põe. Ele estará na constelação da Baleia.

O cometa se parecerá com uma bolinha ligeiramente brilhante, sendo observável até por volta das 19h30.

No domingo, o cometa já estará próximo demais do Sol para ser visto. Ele passará algum tempo assim até voltar a ser visível da Terra, dessa vez em melhores condições do hemisfério Norte.

Menos brilhante, o Lemmon não está sendo visto a olho nu, mas basta um binóculo para conseguir enxergá-lo.

E, devido à proximidade com o mais brilhante Pan-STARRs, está relativamente simples encontra-lo. Após avistar o outro cometa, deve-se olhar mais para cima e para a esquerda. Ele está próximo às constelações da Fênix e do Escultor.

O Lemmon pode ser avistado até por volta das 20h30 e deve estar visível por aqui por pelo menos mais duas semanas.

Especialistas da Nasa comentam a nova descoberta de Curiosity


Uma rocha sedimentar encontrada pelo jipe-robô Curiosity em Marte contém seis elementos químicos necessários à existência de micróbios - enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono - e sugere que o planeta já foi habitável.

A descoberta, anunciada ontem por cientistas do projeto no quartel-general da Nasa, em Washington, foi a conclusão da análise de um lamito --uma rocha que continha minerais de argila e sulfatos. Formados num local que tinha água, os elementos no mineral poderiam dar suporte a reações químicas do metabolismo de um ser vivo.

"Essa rocha é bem parecida com o tipo de coisa que achamos na Terra", disse John Grotzinger, chefe científico da missão do Curiosity.

"Encontramos um ambiente habitável tão benigno e amigável à vida que, se essa água ainda existisse e nós estivéssemos ali no planeta, poderíamos bebê-la."

O jipe-robô ainda não encontrou substâncias orgânicas, que seriam um sinal inquestionável da existência de vida em Marte. Os cientistas, porém, afirmam que isso já não é mais necessário para dizer com segurança que o planeta era habitável, pois a maioria das bactérias da Terra metaboliza substâncias inorgânicas.

A análise química da amostra de rocha foi feita por dois instrumentos do jipe. O primeiro, batizado de SAM, tem um espectrômetro de massa que identifica elementos químicos. O segundo, Chemin, identifica e quantifica minerais da amostra.

O Curiosity encontrou a rocha sedimentar na baía de Yellowknife, na cratera Gale, perto do local onde pousou.

Ainda não se sabe que tipo de paisagem aquática a região exibia. Poderia ser um lago sazonal ou um rio, por exemplo.

"As rachaduras que a gente vê na superfície parecem mesmo uma lama seca", diz Nilton Rennó, pesquisador brasileiro que trabalha na missão do Curiosity.

"Aquela água pode ter saído de uma fenda hidrotermal, formada por atividade vulcânica que derrete gelo subterrâneo e expele a água para a superfície."

Segundo os cientistas da missão, outro aspecto importante é o fato de o lamito achado na cratera conter tanto compostos oxidados (que dão às rochas aspecto avermelhado) quanto não oxidados (de cor acinzentada).

Isso permitiria aos micróbios extrair energia do ambiente à sua volta da mesma forma como uma bateria elétrica extrai energia de um arranjo químico com diferentes componentes.

Apesar do entusiasmo com a descoberta, cientistas estão céticos quanto à possibilidade de achar matéria orgânica em Marte. "Encontrar substância orgânicas em rochas muito antigas já é difícil aqui na Terra", diz Paul Mahaffy, chefe de operações do SAM.

O Curiosity deve seguir viagem ainda neste ano para a base do monte Sharp, no meio da cratera Gale.

Muitas questões sobre o passado geológico do local poderão ser investigadas lá, onde camadas do terreno estão expostas e acessíveis.

"Mas o lugar onde estamos agora é tão interessante que não estamos com tanta pressa para andar", diz Rennó.