Universo é mais velho do que se pensava
O Universo é um pouco mais velho do que se imaginava e a sua
expansão após o Big Bang ocorreu de forma mais lenta do que se pensava, revelam
os dados mais recentes do satélite Planck, da Agência Espacial Europeia.
A revisão de números corrigiu a idade do cosmo de 13,7
bilhões para 13,8 bilhões de anos, e sua taxa de crescimento foi reduzida em
3%. Além disso, a energia escura, a forma predominante de tudo o que há no
Cosmo, é menos abundante do que se imaginava (veja quadro acima).
O Planck, lançado em 2009, investiga o Universo primordial
mapeando flutuações de temperatura que enxerga em diferentes direções no céu.
Para isso, capta a radiação cósmica de fundo: a luz emitida pelo Universo
apenas 370 mil anos após o Big Bang, mas que ainda permeia o espaço, viajando
na forma de micro-ondas.
Apesar de as correções feitas pelas medições do Planck serem
pequenas, elas são importantes, afirmaram ontem cientistas em entrevista
coletiva em Washington (a missão é europeia, mas tem forte participação da
Nasa). Os físicos dizem que o aumento da certeza sobre esses números permitirá
a construção de equipamentos mais precisos para investigar os enigmas da
cosmologia.
Entre eles estão a energia escura, cuja natureza ainda é
desconhecida, e a matéria escura, que exerce gravidade mas não interage com a
luz.
"Uma das coisas que o Planck faz bem é determinar
parâmetros que precisam ser conhecidos pelos experimentos que tentam explicar
como a energia escura e a matéria escura modificam a história de expansão do
Universo", disse Martin White, da Universidade da Califórnia em Berkeley,
um dos físicos que analisaram os dados.
"Durante anos, os criadores desses experimentos
esperaram o Planck para pegar carona no aumento de precisão que ele
providenciou."
Minúcias à parte, os dados que o satélite coletou se
encaixam bem nas previsões das principais teorias da cosmologia. Os dados
confirmam o evento que os cosmólogos batizaram de "inflação": um
período de expansão acelerada logo após o Big Bang. Acredita-se que seja ele o
responsável por o Universo não ser hoje uma mera nuvem homogênea de matéria,
sem galáxias ou planetas.
O novo mapa mostra que a matéria parece estar distribuída
aleatoriamente, mas não totalmente a esmo, e sugere que as teorias que tentam
explicar a inflação de maneira mais complicada devem ser abandonadas em favor
de um modelo mais simples.
Apesar de o panorama revelado pelo Planck ser o de um
Universo majoritariamente homogêneo, algumas anomalias têm despertado o
interesse dos cientistas.
Uma delas é uma região grande do Cosmo que é mais fria do
que outras, representada por uma mancha azul na parte direita do mapa. Outro
problema é que uma das metades do mapa concentra mais áreas quentes do que a
outra, uma assimetria não prevista pelas teorias.
"Essas coisas já eram conhecidas, mas eram um pouco
controversas", afirmou o astrofísico Krzysztof Gorski, do JPL, em
referência aos dados do satélite WMAP, que mapeou a radiação cósmica de fundo
antes do Planck, mas com menor precisão.
Esse desvios, porém, não invalidam os modelos cosmológicos
reinantes, dizem os físicos. Teorias mais precisas precisam ser elaboradas e
testadas no futuro para explicar as anomalias.
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