Mega observatório é inaugurado a 5 mil metros de altitude nos Andes
Foi inaugurado nesta quarta-feira (13) um novo observatório
astronômico sobre o longínquo platô de Chajnantor, a 5 mil metros de altitude,
na Cordilheira dos Andes chilena.
Batizado de Alma (sigla em que significa "grande
conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama ) o projeto é resultado de quase
três décadas de planejamento, discussões e negociações. A um custo de US$ 1,4
bilhão, é o maior projeto astronômico já executado em terra " em volume de
investimento, só perde para telescópios que funcionam no espaço. Ao todo, são
20 os países envolvidos, entre eles o Brasil, em menor proporção (veja a
situação brasileira abaixo, e o Chile, que oferece seu território como sede do empreendimento.
O Alma consiste num conjunto de 66 antenas (atualmente 57 já
estão operando ou estão no local, prontas para operar, sendo que as 9 restantes
devem estar funcionando ainda este ano) que captam ondas emitidas por corpos
frios em lugares muito longínquos do universo, com as quais se espera obter
novas informações sobre a origem de estrelas e planetas, bem como sobre a
presença de partículas orgânicas em lugares a bilhões de anos-luz da Terra.
As antenas instaladas no alto da cordilheira, em local
próximo a San Pedro de Atacama, no Chile, podem ser deslocadas numa área com
raio de 16 km sobre o platô de ar rarefeito. Elas captam ondas de tamanho
milimétrico e submilimétrico, em frequências invisíveis ao olho humano " o
sistema, portanto não é ótico. "O Alma sintetiza um telescópio de 16
quilômetros, o que seria impossível construir", explica Thijs de Graauw,
diretor do projeto.
A grande aposta desse enorme complexo é que as antenas, que
podem ser mudadas de lugar, combinam de forma sincronizada as informações que
capturam, funcionando como um imenso espelho do espaço.
Há dois modos principais de funcionamento desse conjunto. As
antenas podem ficar espalhadas pelo terreno, com maior distância entre si,
quando o objetivo é focar num ponto mais específico do espaço e analisá-lo de
forma detalhada, ou também é possível agrupá-las todas numa área central, com o
que se tornam uma poderosa ferramenta para produzir imagens amplas do céu.
A mudança de configuração é feita por um supercaminhão transportador
com 28 rodas, capaz de percorrer o terreno acidentado do platô andino
carregando as antenas, que pesam dezenas de toneladas.
Além da logística arrojada e do supercomputador que junta as
informações, cada antena do observatório também consiste em um complexo
artefato tecnológico. Para receber com mais pureza o sinal dos objetos
interestelares, alguns dos equipamentos são resfriados a 4 Kelvin (-269° C).
A localização do Alma, em território chileno, perto das
fronteiras da Bolívia e da Argentina, é estratégica: o ar rarefeito da grande
altitude fazem com que a interferência da umidade da atmosfera seja menor.
Sistemas de correção anulam eventuais desvios nas imagens
que o ar ainda possa causar.
Os sinais captados pelas antenas são remetidos a um
supercomputador, um dos mais rápidos que existem no mundo atualmente, que junta
as informações e as remete a um centro de operações que fica 2 mil metros
montanha abaixo.
O Alma foi criado numa parceria entre o ESO (Observatório
Europeu do Sul), o NAOJ (Observatório Astronômico Nacional do Japão) e o NRAO
(Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA).
Em 2010, o Brasil assinou sua entrada como membro do ESO e,
portanto, também é "sócio" do Alma. No entanto, sua condição de
membro ainda depende de ratificação do Congresso Nacional. Ao ratificar sua
entrada, o país passará a contribuir financeiramente com o ESO e empresas
brasileiras poderão fornecer produtos e serviços ao Alma e a outros
observatórios.
Apesar de não ser um integrante efetivo do grupo, no
entanto, cientistas brasileiros já podem propor observações no novo
observatório inaugurado nesta quarta. Esses pedidos, assim como os de
astrônomos de outros países, passam pela análise de um corpo técnico para
avaliar sua relevância. Toda a informação produzida no Alma é disponibilizada
gratuitamente à comunidade científica após um ano.
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